Presença de mulheres ficará restrita à Câmara de Vereadores na maioria dos municípios

13 de setembro, 2016

Em Maceió nenhuma mulher disputará a prefeitura; homens são o dobro na disputa

(Cada Minuto, 13/09/2016 – acesse no site de origem)

Apesar do número de mulheres que vão disputar um dos cargos nas eleições deste ano para prefeito e vereador em Alagoas passar dos 30%, muitas cidades devem continuar com uma representatividade feminina bem abaixo do que de fato é a população que vota. Maceió, por exemplo, não terá nenhuma mulher disputando a prefeitura, o que ocorre também em outros municípios do estado, fazendo assim das Câmaras de Vereadores a única opção para que mulheres exerçam cargos políticos.

Segundo dados divulgados pela plataforma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até esta segunda-feira (12), Alagoas terá 68% de candidatos homens contra 32% de mulheres disputando os cargos.

Em números específicos, estão registrados como aptos pelo TSE 250 homens candidatos a prefeito e 268 para vice-prefeito enquanto 62 mulheres e outras 50 disputarão os cargos de prefeito e vice-prefeito, respectivamente. Já para as Câmaras Municipais os candidatos homens aptos são 4.429 e de mulheres 2.192.

Os números evidenciam a dificuldade dos partidos e coligações atenderem o que diz a Lei das Eleições, Lei nº 9.504/1997, que prevê em um de seus artigos que nas eleições proporcionais cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo. Na minirreforma eleitoral houve também substituição na expressão “deverá reservar” – para “preencherá” em referência as candidaturas de mulheres, o que torna obrigatório o registro de candidaturas femininas.

As eleições e as mulheres em Alagoas

Sem candidatas disputando a prefeitura de Maceió, a capital alagoana terá 79 candidatas para o cargo de vereador, segundo dados do TSE.

Arapiraca registrou uma candidata a vice e 68 a vereador. Delmiro Gouveia terá somente candidatas a vereador, somando 31 no total. Maragogi terá uma candidata a vice-prefeito e 24 candidatas ao cargo de vereador.

Em Marechal Deodoro serão 41 mulheres disputando para a Câmara de Vereadores. Palmeira dos Índios terá duas candidatas a prefeito e 41 a vereador. Em Rio Largo uma mulher e duas candidatas a vice disputam a prefeitura, enquanto que para o cargo de vereador são 48 candidatas. Já em União dos Palmares estão aptas uma candidata a vice e 57 para vereador.

Falta incentivo das mulheres na política

Indira Xavier, uma das coordenadoras do Movimento de Mulheres Olga Benário, vê com tristeza o percentual baixo de mulheres que se candidataram este ano nas eleições em Alagoas e aponta que isso é reflexo da falta de incentivo para que mulheres ingressem na carreira política.

“O contexto local é reflexo do que tem acontecido na política nacional de uma forma geral e na sociedade. Infelizmente vivemos numa sociedade machista e patriarcal e que reservou às mulheres o espaço privado e aos homens o espaço público. Mesmo a gente conseguindo ocupar espaço na sociedade ainda assim há uma dificuldade da participação das mulheres por entender que não é um espaço que seja nosso, tanto por parte dos partidos como das mulheres. Se a gente não tivesse essa questão das cotas, a situação poderia ser ainda pior. Nós mulheres precisamos enxergar o espaço público como um espaço que nos pertence, assim como os partidos precisam entender isso”, defendeu.

Indira falou ainda da necessidade de incentivo da participação das mulheres nas eleições não apenas para preencher a cota partidária prevista na legislação eleitoral, mas como instrumento de mudança social e de conquistas por mais direitos às mulheres, indo além, inclusive, da defesa da questões ideológicas.

“Não é a toa que somos a maioria na base dos movimentos sindicais e de tantas categorias. Vivemos um momento de afirmação e de busca na sociedade. Aqui temos vários obstáculos a serem vencidos e precisamos ter essa preocupação para formar mulheres dirigentes para ocupar esses espaços políticos de decisão não por herança, mas sim conquistados por luta. Participar da política é mostrar que o preço que tudo isso que estamos vivendo é participar e interferir nesse processo. Queremos manter com o futuro prefeito esse diálogo para melhorar várias questões, como construção de creches para que as mulheres possam trabalhar, mercado de trabalho, violência contra a mulher e outros temas”, concluiu.

Vanessa Siqueira

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