Por que é necessário existir um dia dedicado à mulher?

08 de março, 2016

(UOL, 08/03/2016) O Dia Internacional da Mulher foi estabelecido pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1977. A data é uma maneira de destacar e reconhecer a importância e a contribuição do sexo feminino para a sociedade.

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As suas origens remontam a meados do século 19 e começo do século 20, quando trabalhadoras começaram a ir às ruas pelo direito ao voto, pela melhoria nas condições de trabalho e pela igualdade de gênero.

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De lá para cá, muita coisa mudou. Hoje em dia a mulher vota, trabalha fora, casa e se separa sem precisar de autorização masculina, desempenha funções e ocupa cargos que antes eram exclusividade dos homens.

Diante de tantos avanços, por que é necessário um dia dedicado à mulher? Nos dias de hoje, há realmente necessidade de uma data assim? A resposta para esta última pergunta é sim, e mulheres de diferentes áreas ouvidas pela reportagem do UOL explicam as razões.

Além da comemoração

Mais que um dia de celebração e de receber agrados de filhos, companheiros e colegas de trabalho, o 8 de Março é uma data política. “O Dia Internacional da Mulher é para lembrar a importância de as mulheres terem direitos”, afirma Regina Navarro, psicanalista e colunista do UOL.

Na opinião de Marisa Sanematsu, diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão, houve avanços “em vários setores”, mas as mulheres ainda não têm acesso “a todos os direitos que devem ter”. “A gente não alcançou a igualdade efetiva [entre os gêneros]. Ainda precisamos ter datas para lembrar que é um problema que persiste”, defende.

A ministra do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Luciana Lóssio destaca a “representatividade” da data. “É uma política afirmativa. Acho que hoje nós ainda precisamos disso como um marco para nosso amadurecimento, para reflexão. É importante ser lembrado, ser pensado”, diz.

A ONU estima que 1 em cada 3 mulheres será vítima de violência física ou sexual durante a vida (Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press – 8.mar.2014)

Violência contra a mulher

O Brasil tem uma das maiores taxas de assassinatos de mulheres entre 83 países, segundo o estudo “Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres no Brasil”.

O fim da violência contra a mulher tem sido, nos últimos anos, uma das principais reivindicações durante o Dia da Mulher e também um dos maiores desafios do movimento feminista. “A pauta do 8 de Março é cada vez mais permeada pela questão da violência de gênero como assunto urgente que deve ser enfrentado”, afirma Marisa Sanematsu.

Ela diz que ainda não se encontraram “maneiras de efetivamente mudar essa cultura de violência contra mulheres” e aponta como o principal entrave a “cultura machista”. “Essa noção de que as mulheres valem menos ainda é muito forte e fica muito evidenciada na questão da violência”, diz.

“[Essa cultura machista] vem do lar, passa por escola, sociedade, trabalho, relações afetivas. Mudou muito pouco a forma de educar homens e mulheres na direção de fugir da desigualdade, da subalternidade das mulheres em relação aos homens”, analisa.

Participação política

Bancada feminina faz protesto no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, para reivindicar maior participação das mulheres na política (Foto: Ed Ferreira/Folhapress – 14.mai.2015)

Há um ano entrava em vigor a lei 13.104/15, que tornou o assassinato de mulheres como um agravante do crime de homicídio. Com isso, o feminicídio passou a ser considerado um delito hediondo, de extrema gravidade. A sanção do projeto de lei foi uma vitória da bancada feminina do Congresso, que corresponde a pouco mais de 10% do total de deputados federais e senadores.

“As mulheres continuam a ser sub-representadas na política e em muitos outros postos que comprovam a distribuição de poder, como na direção de grandes empresas e órgãos públicos hierarquicamente significativos”, afirma a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), da Procuradoria Especial da Mulher do Senado.

Ela critica a legislação que determina a reserva de 30% das vagas dos partidos para candidaturas de mulheres. Na opinião da senadora, a medida é ineficiente. “Os partidos utilizam as mulheres apenas para preencher as vagas nas vésperas das eleições, as chamadas candidatas laranjas.”

Grazziotin defende a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 134/15 que prevê cota mínima de mulheres no Legislativo. “A proposta garante a reserva escalonada de vagas para mulheres no pleito seguinte ao da sanção da proposta. Serão 10% de cadeiras nas primeiras eleições, seguidas de 12% e 16% de vagas nas eleições seguintes”, explica. O projeto foi aprovado pelo Senado em setembro de 2015 e será analisado pela Câmara.

Fabiana Maranhão com colaboração de Marina Motomura

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