Pouca grana, mas muitos sonhos: pesquisa mostra como é ser mulher no Brasil

11 de outubro, 2019

Grana curta, sonho grande: meninas têm garra para seguir em frente, mas obstáculos financeiros no meio do caminho

(Universa/UOL, 11/10/2019 – acesse no site de origem)

Luana Freire tem 18 anos e mora em São Paulo. Um dos sonhos dela é morar no exterior, mas um dia. Por enquanto, poupa parte do que ganha como jovem aprendiz em uma marca de desodorantes. A ideia para os próximos meses é prestar vestibular para o curso de Publicidade. Um dia, sonha, usar o curso para desenvolver projetos na área de tecnologia.

A estudante representa uma geração de brasileiras que traçam planos e mantêm sonhos em meio a um mar de falta de falta de perspectiva e desemprego, que hoje atinge mais de 11 milhões de brasileiros.

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De acordo com uma pesquisa lançada nesta sexta (11), apenas 2 a cada 10 mulheres entre 16 e 34 anos estão satisfeitas com os planos para o futuro. A grana costuma ser a principal questão: 90% delas cita dificuldades financeiras para colocar o futuro em prática. Apesar disso, 80% das entrevistadas nutrem sonhos e 66% pretendem investir em uma carreira para alcançá-los.

O levantamento conclui que as mulheres têm força de vontade, mas uma das principais barreiras é não saber por onde começar.

Falta de referências femininas atrapalha

Um dos obstáculos é o de não ter referências femininas para se inspirar. Outra conclusão é que a falta de união entre mulheres, a sororidade, prejudica. Para 90% delas, histórias de mulheres inspiradoras são essenciais.

“As jovens brasileiras querem ser protagonistas de suas histórias, mas não têm informação e nem perspectivas de como fazer isso. Muitas se sentem desmotivadas pela falta de oportunidades e acesso a outras possibilidades que não sejam reproduzir o histórico familiar – casar cedo e parar de estudar para cuidar da casa e família”, explica Viviane Duarte, fundadora do Instituto Plano de Menina, um dos idealizadores da pesquisa. O caminho é longo, mas parte já foi percorrido por Luana. “As mulheres à minha volta trabalhavam no que aparecia; muitos se restringiam a ser caixas de supermercado. Por muito tempo acreditei que era o que merecia, mas comecei a mudar minha visão”, diz. “Hoje, não vejo algo que eu não possa fazer”.

Pesquisa
O relatório “Jovens brasileiras e suas perspectivas para o futuro” ouviu 770 mulheres de 16 a 34 anos da classe B e C em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Salvador e Recife. O Instituto Plano de Menina e a marca Seda, do grupo Unilever, financiaram o estudo.

Entre as dificuldades mais citadas estão: questões financeiras (90%), falta de apoio e estrutura (54%) e gerenciamento de tempo (27%). Os resultados apontam ainda que 29% das jovens não fizeram faculdade, estão desempregadas e procurando trabalho e 80% têm que ajudar a família com o que ganham ou não têm renda pessoal.

Mesmo com o cenário complicado, 83% acreditam que realizar seu plano de vida depende unicamente dela, 87% acreditam no seu poder e 90%, na sua garra.

Por Marcos Candido/Universa

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