Mulheres comandam 52% das novas empresas abertas no Brasil

21 de setembro, 2014

(Correio Braziliense, 21/09/2014) Motivação, empatia, foco. Essas são algumas das características femininas que transformam mulheres em empreendedoras de sucesso. Se os homens são impulsivos e costumam correr mais riscos, as mulheres são cautelosas e detalhistas, o que, em geral, é bom para os negócios.

Pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2013, maior estudo contínuo sobre a dinâmica empreendedora, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mostra que 52% dos novos negócios no país (empresas com até 3 anos e meio de atividade) são gerenciados por mulheres. Do número total de micro e pequenas empresas, elas estão a frente de 35%.

Ainda segundo o estudo, a força empreendedora feminina é maior que a dos homens em quatro das cinco regiões brasileiras. Apenas no Nordeste elas ainda não ultrapassaram os homens, mas estão quase lá: 49% de participação entre os novos empresários. Por que isso acontece? “As mulheres dificilmente desistem, são perseverantes e têm uma capacidade de empatia, de compreender o outro, muito maior que a dos homens”, diz a coordenadora do Centro de Empreendedorismo e Inovação do Insper, Cynthia Serva, destacando que essas características são essenciais para o futuro de pequenos negócios.

Segundo ela, as mulheres veem no empreendedorismo uma forma de dar conta de todas as tarefas do dia a dia, com flexibilidade e menos culpa. “As empreendedoras, na prática, se preocupam em ser mãe, cuidar da família e ainda ter uma carreira”, explica. “Conseguir conciliar todos esses lados é muito relevante para a mulher.”

Como têm facilidade para enxergar oportunidades a partir de necessidades, as novas empresárias tendem a investir em setores nos quais têm interesse e intimidade. Linhas infantis ou produtos que atendam a crianças, educação e saúde são as áreas em que elas mais atuam. Há também uma forte tendência de procurar negócios nas áreas de beleza, culinária e gastronomia. Segundo a coordenadora do Insper, modelos de negócios digitais e de tecnologia ainda contam com poucas mulheres no comando.

Pedagogia do amor

Para não abrir mão da criação dos filhos, Lucidalva Miriam de Siqueira de Almeida mudou o rumo da sua vida. Acostumada a trabalhar no comércio – foi vendedora, gerente e supervisora de uma loja de eletrodomésticos – , ela não tinha tempo para estudar ou fazer outras atividades fora do emprego. Foi então que a maternidade trouxe novas necessidades. “Para mim, era muito difícil deixar meus filhos com outras pessoas. E para dar uma educação de qualidade a eles, resolvi estudar pedagogia e fundar a minha própria escola”, conta Lucidalva que tinha um filho com 2 anos e outro com 4.

Foi assim que, em abril de 1995, Lucidalva abriu o Educandário de Maria, no Riacho Fundo I, com apenas três crianças: seus dois filhos e mais um aluno. “Eu era a professora, a porteira, tudo”, brinca. Sem dinheiro para fazer divulgação da nova escola, investiu em panfletos e em um sistema de som potente para o próprio carro. Nos horários em que não estava em sala de aula, percorria a cidade distribuindo os folders e fazendo propaganda por meio do alto-falante.

À época, Lucidalva contava apenas com a ajuda de uma secretária, que ficava na escola para atender telefonemas de possíveis interessados em fazer matrículas. “Todas as vezes que eu saía para distribuir panfletos, ela me dizia que muitas pessoas tinham ligado, mas não era verdade. Era apenas um incentivo para que eu não desistisse da escola”, relembra a empresária.

Tamanha persistência acabou gerando frutos. Em poucos meses, ela conquistou 20 alunos e foi percebendo que precisava de uma pessoa para gerenciar a escola. Assim, ela poderia estudar mais um pouco. Dessa vez, administração escolar. Aos poucos, ela conta que foi entendendo mais sobre o próprio negócio e começou a atuar por meio de planejamentos mais estruturados.

Hoje, aos 52 anos, Lucidalva se diz realizada como mãe e também como profissional. “Tenho muito orgulho da minha família. Tenho quatro filhos. O mais velho já é advogado e o segundo faz faculdade”, destaca.

Além da família, o negócio também cresceu e, atualmente, o Educandário de Maria tem três unidades – duas no Riacho Fundo 1 e uma no Riacho Fundo 2 – que, juntas, somam 850 alunos.

Acesse o PDF: Mulheres comandam 52% das novas empresas abertas no Brasil (Correio Braziliense, 21/09/2014)

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas