Campanha #MeuExAbusivo lidera no Twitter com relatos sobre relacionamentos tóxicos

30 de julho, 2019

Movimento começou depois que youtuber publicou vídeo contando uma experiência pessoal em que o ex-namorado não ‘aceitava sua depressão’

(O Globo, 30/07/2019 – acesse no site de origem)

A hashtag #MeuExAbusivo se tornou o assunto mais comentado no Twitter no Brasil nesta terça-feira, reunindo mais de 45 mil tuítes de mulheres relatandoepisódios de violência física ou verbal cometida por ex-namorados ou ex-maridos.

A campanha foi lançada pela youtuber Dora Figueiredo, que começou a receber muitas mensagens de internautas após publicar um vídeo em que conta sobre um relacionamento abusivo pelo qual ela já passou.

O vídeo já soma mais de dois milhões de visualizações. Nele, a youtuber comenta que os abusos começaram de forma sútil e foram piorando progressivamente: de um pedido para não falar alto em determinado lugar, o ex-namorado passou a controlar o que ela postava nas redes sociais.

Ela relata, ainda, que ele “deu um mês” para que ela “melhorasse” de uma depressão. E que, dois dias depois, ele terminou o relacionamento. “Fiquei meses querendo me matar depois disso”, diz Dora no vídeo.

Desde a noite de segunda-feira, internautas sentiram-se incentivadas a compartilharem histórias semelhantes. Em um tuíte, por exemplo, uma mulher comentou que o ex-namorado a chamava de “louca” e dizia para outras mulheres que ela se vestia como “uma mendiga, que estava com ela por ‘dó’ e que ela ‘não era boa o suficiente para ele'”.

Também usando a hashtag, uma mulher lembrou que seu antigo namorado tentava impedir que ela fosse trabalhar após tê-la visto passando batom.

O ex-namorado, segundo contou a internauta, começou, então, a desligar o alarme do celular para que ela se atrasasse ou não fosse trabalhar.

“O dia em que eu conseguia acordar e ir, ele ia junto e ficava do outro lado da calçada até a hora em que eu saía do serviço. A situação chegou ao extremo de ele conversar (só soube depois) com meu patrão para me mandar embora. E assim foi”.

Muitas mulheres destacaram em suas postagens o fato de ex abusivos limitarem o contato delas com seus amigos e quererem controlar a navegação delas em redes sociais.

Segundo um dos tuítes, por exemplo, o ex-namorado justificava tal atitude argumentando que “não era a postura de alguém que namora sair sem o namorado”.

‘Abuso destrói a autoestima’
Nesta terça-feira, Dora Figueiredo agradeceu às mulheres que aderiram à campanha e ressaltou a importância de denunciar abusos psicológicos:

“[Estou] Tão orgulhosa de ver vocês contando os relatos de vocês. Já estamos em primeiro lugar desde ontem à noite e vamos mostrar para as pessoas como um relacionamento abusivo destrói a autoestima de quem sofre. Não importa se ele te bateu ou não. Abuso psicológico é abuso”, escreveu ela.

Lei Maria da Penha entende como violência contra a mulher não apenas agressões físicas, mas também qualquer conduta que “cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações”.

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