Condenado a 23 anos por matar ex na UnB vai recorrer, diz advogada

04 de abril, 2017

Sentença foi definida nesta segunda; Louise Ribeiro foi morta em março de 2016. Defesa vai pedir ao TJ que reduza a pena aplicada; Vinicius Neres confessou assassinato.

a 23 anos de prisão por matar a estudante Louise Ribeiro em um laboratório da Universidade de Brasília, o ex-estudante de biologia Vinicius Neres vai recorrer da sentença definida nesta segunda-feira (3). A informação foi confirmada ao G1 por uma das advogadas do jovem, Tábata Laís Sousa Silva.

(G1/Distrito Federal, 04/04/2017 – acesse no site de origem)

“É cedo para dizer se será acatado ou não, depende da caminhada. Nutro expectativas de que a pena será reduzida, mas não há como precisar em quanto tempo”, diz Tábata. Até a tarde desta terça (4), o teor do recurso ainda não tinha sido definido pela equipe.

O crime aconteceu em março de 2016. Louise, que tinha 20 anos, foi dopada com clorofórmio e, depois de inconsciente, teve 200 mililitros do produto químico injetados na boca. O produto tóxico foi a causa da morte, segundo laudo do Instituto Médico Legal (IML). O crime foi cometido em um laboratório da UnB.

A defesa tem prazo de cinco dias para recorrer, e a contestação será julgada pelo próprio tribunal. Desde o início do julgamento, as advogadas de Neres não argumentavam pela inocência do réu, e sim, pela aplicação de uma pena mais branda.

‘Fora do padrão’

A defesa de Neres argumenta que o assassinato de Louise “foi o único comportamento fora do padrão”. “Após o crime, mesmo preso, Vinícius voltou a ser um jovem dócil, educado e prestativo”, diz Tábata.

O mesmo argumento foi usado durante o julgamento de segunda. De acordo com a equipe que defendeu Neres no tribunal, o ex-estudante sempre planejou se matar no laboratório mas, quando contou essa ideia a Louise, recebeu “um abraço frio” da moça.

Esse abraço teria feito o jovem mudar de ideia, segundo a tese da defesa. “Ele não matou por ela ser mulher. Ele chegou a esse limite por estar em um elevado estresse”, disseram as advogadas, durante o júri.

“Ele sempre foi um bom estudante, um bom amigo, um bom filho, um bom neto. Até aquele fatídico dia. Aconteceu tudo o que aconteceu, depois ele voltou para a sua plenitude.”

Em um momento da argumentação da defesa, as advogadas afirmaram que “quem saiu machucado do relacionamento foi Vinícius”. A fala arrancou risos de parte do público que acompanhava a sessão.

O juiz Paulo Giordano, então, ameaçou esvaziar o plenário caso houvesse outra manifestação. “Estamos em um caso muito sério”, afirmou.

Julgamento
A sentença do ex-aluno de biologia da UnB foi definida por sete jurados e lida pelo juiz Paulo Giordano na noite de segunda. Durante o julgamento, Neres ouviu a sentença em pé e não chorou.

A pena inicial foi definida em 25 anos, mas a idade de Vinicius Neres (inferior a 21 anos) e a confissão do crime contribuíram para reduzir a condenação. Por entender que o réu “demonstrou periculosidade completa”, a Justiça definiu que ele não poderá recorrer em liberdade.

Os sete jurados decidiram aplicar os quatro “agravantes” indicados pelo Ministério Público para qualificar o homicídio: motivo torpe, meio cruel (asfixia), recurso que dificulta a defesa da vítima e feminicídio.

A classificação do caso como “feminicídio” torna o crime hediondo, e dificulta a progressão de pena para os regimes semiaberto e aberto. Se a defesa do estudante conseguir retirar esses agravantes, na prática, Neres pode passar menos tempo na cadeia.

De acordo com a investigação, Neres prendeu os pés e as mãos de Louise e enrolou o corpo dela em um colchão inflável. Ele teria levado o corpo da estudante no carro dela até uma área de cerrado no Setor de Clubes Norte e abandonado o cadáver na mata.

Por Marília Marques, G1 DF

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