(Folha de S.Paulo) O ministro das Relações Exteriores do Irã, Ali Akbar Salehi, prometeu assumir a investigação do caso do diplomata de seu país acusado de abusar de crianças que têm entre 9 e 15 anos na piscina de um clube de Brasília.
A promessa foi feita anteontem, durante encontro dele com o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, em Túnis, capital da Tunísia.
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(Folha de S.Paulo) O governo do Irã criticou ontem pela primeira vez seu diplomata acusado de abusar de crianças numa piscina de Brasília e anunciou uma investigação sobre o caso.
A mudança de tom ocorre após o Itamaraty exigir posicionamento mais firme contra o funcionário Hekmatollah Ghorbani. Leia a matéria completa: Irã diz que vai investigar diplomata por abuso (Folha de S.Paulo – 25/04/2012)
(Folha de S.Paulo) O governo brasileiro espera do Irã que comunique oficialmente a retirada do diplomata acusado de molestar meninas com idades entre 9 e 15 anos na piscina de um clube em Brasília (DF). Leia a matéria completa: Brasil quer que Irã torne oficial saída de diplomata (Folha de S.Paulo – 23/04/2012)
(Eliane Oliveira, O Globo) A Embaixada do Irã em Brasília classificou como “um mal-entendido”, causado por diferenças culturais, o episódio em que o diplomata Hekmatolla Ghorbani teria abusado de meninas na piscina de um clube de Brasília, no último sábado. Em nota, a embaixada alegou que a imprensa brasileira está tentando criar polêmica em cima de “algumas inverdades”, o que, para os diplomatas iranianos, é “um tratamento intencional por parte de alguns veículos de comunicação”.
O governo brasileiro, no entanto, cobrou da embaixada do Irã explicações sobre as acusações contra o diplomata. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, informou que o Itamaraty enviou nota pedindo esclarecimentos à embaixada, lembrando que a Convenção de Viena determina que pessoas que têm imunidade diplomática devem respeitar as leis do país em que estão em missão. Patriota qualificou as acusações contra Ghorbani como “preocupantes”:
– Eu, pessoalmente, consideraria inaceitável se algum diplomata brasileiro se comportasse dessa maneira em qualquer país.
Ghorbani é acusado de tocar nas partes íntimas de dez meninas com idades entre 9 e 15 anos, enquanto nadava. Segundo Patriota, esse comportamento seria considerado inadmissível mesmo se o autor fosse um brasileiro.
Patriota lembrou que o Itamaraty recebeu as famílias das menores que se sentiram vítimas de abuso. Ele explicou que, a partir da resposta dos iranianos, será possível tomar algum tipo de decisão a respeito. O diplomata Ghorbani poderá até ser expulso do Brasil.
A embaixada do Irã tentou explicar, na nota, a atitude do diplomata: “Uma das causas mais importantes é a falta de conhecimentos sobre as virtudes e as diferenças entre as culturas e o mal entendimento e as consequências decorrentes do que isso pode causar. Sendo nas demais sociedades estas virtudes e valores relativos, podem provocar dificuldades e uma séria incompreensão para as pessoas que estão vivendo num ambiente alienígena às suas características culturais”, diz o texto.
José Roberto Fernandes Rodrigues, pai de uma das dez meninas que estavam na piscina, lamentou a alegação da embaixada de mal-entendido.
– Ele (o diplomata) falou que na cultura dele é normal. Isso não tem nada a ver – disse.
Os pais de três menores dizem que o mau comportamento de Ghorbani já havia acontecido na semana anterior. Algumas meninas só contaram aos pais após a acusação ter sido formalizada. Rodrigues e a mãe de uma das meninas afirmam que a mulher de Ghorbani foi à delegacia durante o registro da ocorrência e tentou convencer as mães a amenizar as denúncias.
De acordo com o Blog do Noblat, o diplomata já deixou o país. A embaixada afirma que Ghorbani não foi ao escritório esta semana, mas não confirma que ele já foi embora do Brasil.