“Não aceitaremos estupradores”: torcedoras protestam contra Atlético após condenação de Robinho

05 de dezembro, 2017

Mulheres questionam omissão do próprio clube, que se recusa a comentar caso de violência sexual envolvendo a maior estrela de seu elenco

(El País, 05/12/2017 – acesse no site de origem)

Na madrugada desta terça-feira, funcionários do Atlético Mineiro retiraram faixas de protesto penduradas em frente à sede do clube, em Belo Horizonte, por um grupo de torcedoras indignadas com o fato de dirigentes atleticanos não terem se manifestado sobre a condenação de Robinho por participação em estupro coletivo na Itália. O atacante foi sentenciado em novembro a nove anos de prisão pela Justiça italiana. Ele é um dos seis réus no processo em que uma jovem albanesa o acusa de violência sexual, que teria sido cometida em 2013, mas recorre da sentença em liberdade e não deve ser detido ainda que condenado em segunda instância, já que a Constituição brasileira impede que cidadãos nascidos no país sejam extraditados.

As faixas estendidas pelo grupo, que se identifica como “Feministas do Galo”, critica a postura do clube, que, desde o anúncio da condenação, afirma que não vai se pronunciar sobre o caso, por se tratar de “um assunto pessoal do atleta”. Duas mensagens endereçadas à diretoria atleticana foram expostas em frente à sede: “Um condenado por estupro jogando no Galo é uma violência contra todas as mulheres” e “Galo, seu silêncio é violento! Não aceitaremos estupradores!”. De acordo com uma das integrantes do grupo, “a omissão do clube é inadmissível, já que o atleta foi condenado em primeira instância e, em vez de se preocupar com o fato, a diretoria cogita a hipótese de que ele permaneça”. O contrato de Robinho com o Atlético vence em dezembro. Ele tem um dos maiores salários do clube – cerca de 800.000 reais – e negocia a extensão do acordo por mais um ano com redução dos vencimentos. Por outro lado, o Santos, seu ex-clube, se mantém interessado em contratá-lo mesmo depois da repercussão da sentença na Itália.

Não é a primeira vez que uma suspeita de violência sexual ronda o atacante. No início de 2009, quando jogava pelo Manchester City, ele já havia sido acusado de estupro por uma mulher que conhecera em uma casa noturna de Leeds. Chegou a viajar para o Brasil sem a autorização do clube, por medo de ser detido pelas autoridades europeias. Ao retornar à Inglaterra, teve de se apresentar à delegacia de West Yorkshire, onde pagou fiança e foi liberado. O processo acabou arquivado três meses depois. Também não é a primeira vez que mulheres se unem para protestar contra o Atlético. Em 2016, torcedoras reclamaram do tom machista do desfile de lançamento do uniforme para a temporada. Na ocasião, o clube utilizou modelos de biquíni ao apresentar a nova camisa. Nas instruções de lavagem do material, produzido pela DryWorld, havia também uma mensagem desrespeitosa: “Dê a sua mulher”. Nesta terça-feira, a assessoria de imprensa do Atlético reiterou que, a despeito do protesto na sede, a diretoria do clube não se manifestará sobre a condenação de Robinho.

Breiller Pires

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