ONU: mais de 3,6 mil vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo

09 de abril, 2014

(O Globo, 09/04/2014) Um relatório da ONU divulgado nesta quarta aponta que mais de 3,6 mil pessoas foram vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo (o antigo Zaire) entre 2010 e 2013. Segundo o documento, mais da metade dos ataques foram realizados por grupos armados.

No levantamento sobre o país que já foi considerado a “capital do estupro no mundo” em 2010 por uma representante da própria ONU, 25% das vítimas da violência sexual eram crianças. Das 3.635 pessoas que foram atacadas, 73% eram mulheres e apenas 2% homens. Bebês de 2 anos e idosas de até 80 anos fazem parte das vítimas oficiais, e a maioria dos casos ocorre no Leste do país.

Um terço das situações relatadas indica que os agressores eram membros do Exército nacional da RDC, a FARDC. Apesar de haver um aumento no número de prisões e condenações pela prática no país, muitas forças leais ao governo praticam estupros como forma de intimidar membros de comunidades locais por contribuir com milícias. A situação também ocorre de forma inversa.

Soldado congolês na cidade de Bria: segundo a ONU, um terço dos casos de violência sexual parte do Exército do país GORAN TOMASEVIC / REUTERS

— Apesar de haver um aumento no número de condenações de agentes do Estado nos últimos anos, ainda há um longo caminho a se percorrer na luta contra a impunidade pela violência sexual na República Democrática do Congo — disse a alta comissária da Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay.

A prática é sistemática na região, segundo a organização. De acordo com o relatório, as estatísticas poderiam ser muito mais assustadoras: a maior parte dos casos “nunca são investigados ou julgados”, além de muito poucos serem reportados às autoridades. Pillay lembra que a naturalidade com a qual muitas vítimas encaram a violência sofrida é grave.

— Muitas vítimas não relatam os incidentes por medo de retaliação, estigmatização ou rejeição por suas famílias e comunidades — assinala.

O antigo Zaire, que passou por uma sangrenta guerra civil entre 1998 e 1993, ainda tem diversos casos de violência por parte tanto das forças do governo quanto das forças rebeldes. Grupos ligados ao genocídio na vizinha Ruanda, no ano de 1994, estão exilados no Leste do país e continuam a promover ataques a tribos e cidades.

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