Como ser antirracista, segundo Djamila Ribeiro

05 de novembro, 2019

Vogue selecionou 8 tópicos que você precisa saber do novo manual da filósofa e ativista

(Vogue, 05/11/2019 – acesse no site de origem)

Como ser um membro atuante na luta contra o racismo? É exatamente isso que a filósofa Djamila Ribeiro busca responder – e instruir – por meio do Pequeno Manual Antirracista (Companhia das Letras, R$ 25), livro que será lançado hoje (05.11) na livraria Martins Fontes, em São Paulo e que já teve uma procura de mais de 2.800 exemplares só na pré-venda.

Djamila mostra que se informar sobre o racismo, reconhecer privilégios da branquitude, ler autores negros, questionar a cultura que consumimos e conhecer nossos desejos e afetos, por exemplo, são passos essenciais para que esse processo de mudança aconteça. Vogue separa 8 passagens do livro que você não pode perder:

Entenda que racismo é um problema estrutural
O primeiro ponto a entender é que falar sobre racismo no Brasil é, sobretudo, fazer
um debate estrutural. É fundamental trazer a perspectiva histórica e começar pela relação entre escravidão e racismo, mapeando suas consequências.

O que você tem feito pela luta antirracista?
Chegamos, assim, à seguinte pergunta: o que, de fato, cada um de nós tem feito e pode
fazer pela luta antirracista? O autoquestionamento— fazer perguntas, entender
seu lugar e duvidar do que parece “natural” —é a primeira medida para evitar reproduzir esse tipo de violência, que privilegia uns e oprime outros.

Reconheça os privilégios da branquitude
Todos devem questionar a ausência de pessoas negras em posições de gerência, autores negros em antologias, pensadores negros na bibliografia de cursos universitários, protagonistas negros no audiovisual. E, para além disso, é preciso pensar em ações que mudem essa realidade.

Perceba o Racismo internalizado em você
Como vimos, a maioria das pessoas admite haver racismo no Brasil, mas quase ninguém se assume como racista. Pelo contrário, o primeiro impulso de muita gente é
recusar enfaticamente a hipótese de terem um comportamento racista: “Claro que
não, afinal tenho amigos negros”, “Como eu seria racista, se empreguei uma pessoa
negra?”

Transforme seu ambiente de trabalho
É preciso romper com a estratégia do “negro único”: não basta ter uma pessoa negra
para considerar que determinado espaço de poder foi “dedetizado contra o racismo”.
A herança escravista faz com que o mundo do trabalho seja particularmente racista—
o que também o torna um dos espaços em que a luta antirracista pode ser mais transformadora.

Leia autores negros
Mesmo vencendo todos os obstáculos que acompanham a pele não branca e ingressando na pós-graduação, o estudante encontrará outro desafio: o epistemicídio,
isto é, o apagamento sistemático de produções e saberes produzidos por grupos oprimidos. É raro que as bibliografias dos cursos indiquem mulheres ou pessoas negras; mais raro ainda é que indiquem a produção de mulheres negras, cuja presença no debate universitário e intelectual é extremamente apagada.

Questione a cultura que você consome
Nos processos de colonização, a visão de cultura do colonizador foi imposta,
enquanto bens culturais eram saqueados. Um exemplo disso são as coleções dos
principais museus da Europa, onde hoje se encontram objetos de diferentes países africanos, asiáticos e americanos—peças que, com certeza, devem significar muito para essas culturas.

Conheça seus afetos e desejos
As mulheres negras são ultrassexualizadas desde o período colonial. No imaginário
coletivo brasileiro, propaga-se a imagem de que são “lascivas”, “fáceis” e “naturalmente sensuais”. Essa ideia serve, inclusive, para justificar abusos: mulheres negras são as maiores vítimas de violência sexual no país. Obviamente a questão não é sobre a sensualidade de determinada mulher, mas sim sobre necessidade de enquadrar mulheres negras nesse estereótipo.

Por Laís Franklin

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