18/09/2010 – Mais negros chegam à faculdade (Estadão)

20 de setembro, 2010

(O Estado de S. Paulo) Dados da Síntese de Indicadores Sociais, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que, em uma década, o percentual de negros com ensino superior completo dobrou. Ainda assim, o índice era tão baixo em 1999 que, apesar desse aumento, o percentual de brancos graduados é o triplo.

Em 2009, apenas 4,7% dos pretos e 5,3% dos pardos com 25 anos ou mais tinham curso superior, diante de 15% dos brancos. Dez anos antes, o percentual era de 2,3% para cada um dos dois primeiros grupos e de 9,8% para brancos.

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“Obviamente é positivo o aumento, com a ressalva de que o ponto de partida dos negros e pardos era muito baixo”, comenta o pesquisador do IBGE Leonardo Athias, que lembra que, em 1999, a situação dos pretos e pardos com grau universitário era semelhante à da população negra adulta na África do Sul durante o fim do apartheid.

Estudo do professor da Universidade de Brasília (UnB) José Jorge de Carvalho estima que 45% dos alunos beneficiados pelo Programa Universidade para Todos (ProUni) eram pretos ou pardos, diz Leonardo, citando esse como o principal fator para o aumento do número de graduados nos dois grupos.

“Além do ProUni, políticas de transferência de renda podem ter contribuído. E também as cotas, mas nesse caso a participação é muito pequena”, diz o pesquisador.

Os dados indicam que para os três grupos o aumento foi maior na segunda metade da década: em 2004, os porcentuais eram de 11,4% para brancos, 3% para pretos e 3,2% para pardos.

O coordenador da ONG Educafro, frei David Santos, comemorou o resultado, mas disse que esperava uma participação maior de pretos e pardos. “Estamos conseguindo mexer para cima com os dígitos do IBGE, mas ainda é muito pequena a mudança”, diz ele, citando o trabalho voluntário realizado pela Educafro em 2 mil pré-vestibulares comunitários.

Santos concorda com a análise de que o maior efeito se deve ao ProUni, que oferece bolsas em instituições particulares. “A exclusão era muito radical. Nos últimos 5 anos colocamos mais negros em universidades que nos últimos 500.”

Leia na íntegra: Mais negros e pardos chegam à faculdade (O Estado de S. Paulo – 18/09/2010)

 

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