Violência: ocorrências policiais aumentam 250% em Tinder e apps de encontro

28 de junho, 2019

Você abre uma conta no Tinder ou talvez no Grindr e dá um match. Vocês combinam de sair, trocam uma ideia. Mas o que era para ser uma noite agradável termina em uma delegacia de polícia. Se este roteiro te assustou, saiba que o número de casos desse tipo aumentou mais de 250% em cinco anos só no estado de São Paulo.

(Universa, 28/06/2019 – acesse no site de origem)

De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública paulista, a maioria dos crimes está ligada à violência psicológica — como difamação e ameaças — mas há casos como estupro, furto e lesão corporal. Os dados foram divulgados pela agência Gênero e Número e foram compilados pela Fiquem Sabendo, a partir de boletins de ocorrência registrados em São Paulo de 2014 a 2018.

O Tinder, o mais popular entre os aplicativos de encontro amoroso, também tem o maior número de boletins de ocorrência. São 153 casos, de um total de 338 B.Os registrados neste período. Desse total, há registros de aplicativos e redes como o Badoo, POF,  e Grindr.

A maioria das vítimas são mulheres, com exceção do Grindr, popular entre homens gays. Neste caso, há registros de crimes como furto, difamação, perturbação do trabalho ou sossego alheio (ou stalking), roubo e um registro de “perigo de contágio venéreo”, ou falta de informação sobre uma IST (infecção sexualmente transmissível) antes do ato sexual, o que é considerado crime com penas que podem chegar a quatros anos de detenção.

Sofri alguma forma de agressão. O que fazer?
Para a advogada e especialista em direito digital Gisele Truzzi, proprietária da Truzzi Advogados, os aplicativos são obrigados a deletar em até 24 horas o conteúdo íntimo ou perfis fakes que são divulgados dentro das plataformas, como em casos de difamação. Fora isso, os apps não podem divulgar detalhes da vida do agressor. Para ter acesso aos dados do suspeito, é preciso de uma ordem da Justiça.

“Os aplicativos de encontro são como plataformas de intermediação de contato. Elas não são responsáveis pelo que acontece depois deste contato, por algo além dos limites do controle dela”, explica a especialista.

Os apps são responsáveis somente pelo armazenamento dos dados de todos os usuários por até seis meses. Caso a vítima entre na Justiça neste períodos e os aplicativos não tenham mais as informações, aí sim eles podem ser penalizados. “Os apps se responsabilizam só por dar suporte para uma vítima que tenha sofrido algum problema em um encontro originado em algum aplicativo”, diz.

“Cada app tem uma diretriz de segurança própria, e tem esse papel sobre o risco de se encontrar com um estranho”, conclui.

O outro lado
Em nota, o Tinder diz que o usuário denunciado para a plataforma é banido. Além disso, acrescenta que o serviço faz campanhas de conscientização e mantém ferramenta para fazer a varredura e bloqueio de perfis suspeitos, que são avaliados por uma equipe.

O Happn informou que também possui uma política de segurança para o bloqueio de perfis suspeitos e um ‘modo invisível’ para que a pessoa não apareça disponível em determinados locais. É que, neste caso, o aplicativo faz uma varredura de possíveis “candidatos” que cruzaram o caminho, no dia a dia, com você.

O Badoo também afirmou em nota que “leva segurança de seus usuários muito a sério e tem um time de moderação que trabalha 24h”. Além disso, tem verificação por foto para evitar o chamado ‘catfishing’, termo inglês para pessoas que se passam por outras no aplicativo.

Por Marcos Candido

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