Ato no dia 02/08 denuncia impunidade e marca julgamento de estudante de medicina acusado de estupro

31 de julho, 2018

(Agência Patrícia Galvão, 31/07/2018) Na próxima quinta-feira, dia 2 de agosto, a sede do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) será ponto de encontro para um ato público pelo fim da impunidade em casos de estupro que está sendo convocado por diferentes coletivos de mulheres estudantes da Universidade de São Paulo (USP) e por professoras e pesquisadoras da Rede Não Cala, que se mobilizam pelo fim da violência sexual e de gênero na universidade. A data foi escolhida em razão do julgamento da apelação do emblemático caso de Daniel Tarciso da Silva Cardoso que, quando estudante da Faculdade de Medicina, foi acusado de dopar e estuprar uma estudante do curso de Enfermagem em 2012.

No chamado do ato, as organizações lembram que “o ex-aluno e atual médico é acusado de ter dopado e abusado de ao menos duas outras estudantes, que foram testemunhas no caso em questão”. Em primeira instância, porém, o então estudante foi absolvido e, depois de um período de suspensão pela universidade, formou-se médico, exercendo a profissão hoje em dia.

Sua absolvição levantou mais uma vez o debate sobre a impunidade em casos de estupro, em que, muitas vezes, as provas materiais são difíceis de se obter, já que a violência sexual pode ser praticada sob ameaça ou efeito de substâncias que impedem a reação e o consentimento da vítima. A palavra das vítimas, nesses casos, seria o maior elemento comprobatório, mas infelizmente ainda é comum que elas sejam desacreditadas diante das discriminações históricas e culturais que atingem as mulheres, gerando a revitimização e até a culpabilização das vítimas e estimulando a perpetuação dos crimes, conforme apontam diversos especialista no Dossiê Violência contra as Mulheres.

Saiba mais sobre o caso:
Justiça de SP absolve estudante de Medicina da USP acusado de estupro (Ponte Jornalismo)
Ex-aluno da USP acusado de estupro obtém registro de médico em Pernambuco (Agência Brasil)

Os coletivos fazem um chamado para que toda sociedade participe do ato, às 9h no TJSP, no centro de São Paulo.  Confira o texto do evento no Facebook na íntegra abaixo e acesse a página neste link:

No dia 2 de agosto (quinta-feira) será julgada a apelação contra a sentença que absolveu no ano passado Daniel Tarciso da Silva Cardoso, o médico que, quando estudante da Faculdade de Medicina da USP, foi acusado de dopar e estuprar uma jovem estudante de Enfermagem.

A CPI dos Trotes – criada em 2014 na Assembleia Legislativa para averiguar violações de direitos humanos nas universidades – constatou que ao menos 112 estupros foram cometidos no Quadrilátero da Saúde nos últimos 10 anos. Esse fato demonstra o forte enraizamento da cultura do estupro e da violência contra a mulher dentro da nossa Universidade, que por sua vez reflete a dura realidade do nosso país. O caso de Daniel é um dos tantos relatados durante essa CPI: o ex-aluno e atual médico é acusado de ter dopado e abusado de ao menos duas outras estudantes, que foram testemunhas no caso em questão.

Esse caso foi emblemático para a Universidade, levando à mobilização de diversos coletivos feministas para acompanhar a CPI e motivando a organização das professoras na Rede USP Não Cala. Nós, coletivos do Movimento Feminista da USP e a Diretoria de Mulheres do DCE, conjuntamente com a Rede USP Não Cala, convidamos todas e todos ao ato no Tribunal de Justiça de São Paulo para acompanhar o julgamento no dia 2 de agosto, às 9h.

Não vamos nos calar! Pelo fim da cultura do estupro.

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