A comunicação feminista e popular parte do princípio de que “somos todas comunicadoras”, e é com este objetivo que o coletivo de comunicadoras da Marcha Mundial das Mulheres lança uma nova cartilha que sistematiza aprendizados e práticas do coletivo, que surgiu em 2013 durante o 9º Encontro Internacional da MMM em São Paulo. A cartilha apresenta também apresenta como a comunicação tem sido construída na Marcha por meio do coletivo.
A cartilha começa apresentando a perspectiva da comunicação popular enquanto aposta política dos movimentos e organizações sociais tanto no campo quanto nas cidades, e sua importante contribuição para a educação popular e o debate da democratização da comunicação no Brasil desde a década de 70. Também destaca que as mudanças conjunturais e tecnológicas ocorridas ao longos dos anos no fazer da comunicação e a necessidade de reflexão e produção por novas perspectivas e linguagens.
Outro ponto destacado é a necessidade do debate crítico e uma reflexão coletiva sobre as redes sociais, por serem plataformas de empresas transnacionais que funcionam conforme seus interesses econômicos, atualizando a dinâmica de imposições sobre o trabalho, tempos e modos de vida. Incentivando o individualismo, o consumo, a imposição de padrões e o pensamento meritocrata.
Evidenciar as armadilhas do capitalismo digital é fundamental para pautarmos nossas alternativas, e neste sentido, o material também aborda o tema das tecnologias livres como forma de resistência ao poder corporativo das comunicações hegemônicas. Além disso, as leitoras também podem encontrar reflexões sobre a linguagem feminista e uma série de dicas práticas que podem inspirar a comunicação nos territórios, como elaboração de textos, vídeos, fotos, áudios.
“Além de popular, nossa comunicação é feminista! Queremos comunicar a partir da realidade das mulheres. O ponto de vista dos homens não pode dominar os meios de comunicação – nem os hegemônicos, nem os alternativos. Quando falamos em comunicação feminista e popular, queremos fortalecer as mulheres como sujeito político. Queremos denunciar as desigualdades do capitalismo patriarcal e racista e propor outras relações possíveis. Queremos colocar a vida no centro, visibilizar e reorganizar o trabalho necessário para sustentá-la.”
O objetivo é que seja um material de uso coletivo: “para compartilhar com companheiras das cidades, reler para lembrar de alguma dica que esqueceu, anotar outras ideias, botar em prática e fortalecer a comunicação feminista e popular da Marcha Mundial das Mulheres nas ruas, redes e roçados de todo o Brasil”.