De acordo com o Instituto de Segurança Pública, 52 mulheres foram vítimas de feminicídio no estado entre janeiro e maio deste ano, e 128 sofreram tentativa de feminicídio
Por Natália Oliveira
Maria (nome fictício), de 33 anos, perdeu a conta de quantas vezes terminou o dia na emergência de hospitais. Mas não por problemas de saúde. Ela era constantemente agredida pelo ex-marido. Entre a primeira e a segunda vez que engravidou, um chute na pelve evoluiu para trombos e, depois, um tumor nas trompas. Precisou fazer uma histerectomia (cirurgia de remoção do útero). A filha mais velha, hoje com 5 anos, presenciou muitos dos espancamentos. Em 2019, Maria rompeu o ciclo de violência e se separou. Conseguiu também, na Justiça, uma medida protetiva para tentar manter o ex-marido longe dela e das duas filhas. Maria não está sozinha: apenas entre janeiro e maio deste ano, o Judiciário estadual concedeu 15.087 ordens judiciais para proteger mulheres vítimas da violência doméstica.
São, em média, cem mulheres por dia que conseguem ajuda na Justiça para sair de situações de violência. No ano passado, foram mais de 33.830 medidas protetivas deferidas para mulheres vítimas de violência no Rio. É unanimidade entre as instituições e grupos que lutam pela proteção dessas vítimas a força dessas medidas, principalmente quando elas são concedidas de forma rápida. Mas também é consenso que a decisão judicial precisa vir acompanhada de outras formas de proteção.