Pesquisadora Simony dos Anjos explica interesses da bancada evangélica do Congresso Nacional e incidência política de mulheres negras evangélicas.
O perfil evangélico tem importante espaço na política brasileira, tanto é que a bancada evangélica tem força nas votações do Congresso Nacional. No entanto, a frente não representa de fato os interesses da população que segue essa vertente religiosa. É o que constata Simony dos Anjos, antropóloga e pesquisadora da relação entre negritude, igreja evangélica e feminismo.
“Estão negociando nossos direitos enquanto trabalhadoras e trabalhadores por conta das pautas morais, que também são anti-povo”, aponta a integrante da Rede de Mulheres Negras Evangélicas.
Nas últimas semanas, os integrantes da bancada evangélica enfrentam conflitos sobre a aproximação ou oposição ao governo Lula. Após passar por uma confusão na votação para escolher o presidente da bancada, o grupo decidiu que a presidência será revezada entre os deputados Eli Borges (PL) e Silas Câmara (Republicanos).
Para Simony, essa divisão se dá entre aqueles que querem se beneficiar do apoio cedido pelo governo Lula às suas pautas e aqueles que querem pavimentar caminhos para as eleições do próximo ano, com a inserção na extrema direita.
Em paralelo a isso, a antropóloga aponta que vê um aumento de evangélicos progressistas, principalmente de mulheres negras evangélicas atuantes politicamente. “Nós, que somos progressistas, sofremos muito dentro da igreja evangélica, muitas de nós foram expulsas de suas comunidades”, afirma a pesquisadora se referindo ao governo Bolsonaro.
Segundo pesquisa do Datafolha, de 2019, mulheres negras são o perfil mais comum nas igrejas evangélicas. Mulheres são 58% do total de fiéis e as pessoas negras são 59%.