Quando chegou a seu gabinete na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, por volta das nove da manhã de 24 de agosto, uma quinta-feira, a deputada estadual Lohanna França (PV) percebeu uma tensão no ar. A equipe parecia preocupada. Um dos funcionários lhe informou que havia chegado, fazia pouco, um e-mail com ameaças. “A senhora não precisa ler. É pesado”, avisou logo. A parlamentar quis mesmo assim. Minutos depois, assustada, suspendeu a agenda parlamentar daquele dia e acionou a Polícia Legislativa de Minas.
Não era a primeira ameaça que Lohanna recebia. Mas era a mais grave. O remetente afirmava ter o endereço dela e de seus parentes. Dizia que iria invadir a casa da deputada, em Belo Horizonte, imobilizá-la, torturá-la, estuprá-la e, por fim, matá-la. Ameaçava “metralhar” toda sua “equipe de putas e viados”. E afirmava, por fim, destilando misoginia: “Eu juro que vou vingar todo homem que já teve o desprazer de ser governado por uma vagabunda ordinária feito você, eu vou te matar e matar toda sua equipe de funcionários a sangue frio.”
“Eu fiquei em ondas. Ora achando que não aconteceria nada, ora chorando e entrando em pânico”, relatou Lohanna à piauí. “Minha agenda ficou confusa. Fiquei dois dias sem trabalhar, só fazendo reuniões com as forças de segurança, para tratar disso.” A deputada descobriu mais tarde que seus dados pessoais e financeiros haviam sido compartilhados em um fórum de internet onde proliferam postagens sobre pedofilia, necrofilia e zoofilia.