Roraima registrou 726 casos de estupro em 2022; situação alarmante mobiliza mulheres por meio da organização popular
Roraima ocupa o primeiro lugar no ranking nacional de estupros em geral e estupros de vulnerável por habitantes. De acordo com dados do 17° Anuário de Segurança Pública, o estado teve registros de 726 casos no ano de 2022, 24,3% a mais que o Acre, estado que aparece na segunda posição na estudo.
Foi partindo desse atual e alarmante cenário que a professora e pesquisadora Luziene Parnaíba, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), e outras pesquisadoras da instituição tiveram a iniciativa de criar o programa de extensão Observatório da Violência contra a Mulher em Roraima (Observatório VCM). Esse programa tem como objetivo monitorar e investigar as diversas violências praticadas contra as mulheres, além de produzir indicadores da violência e fornecer dados para possíveis pesquisas sobre discriminações de gênero no estado.
O programa de extensão possui uma abordagem interseccional, atendendo mulheres em diversas situações sociais a partir de quatro eixos: violência doméstica e feminicídio; feminização das migrações e tráfico de mulheres; violência obstétrica; e mulheres, garimpo e meio ambiente.
De acordo com Luziene Parnaíba, essa é apenas uma das razões pelas quais a criação de organizações em Roraima, que atuam para combater as consequências de um sistema patriarcal excludente, é de extrema importância.
“Estamos lidando com um dos estados mais afetados pela violência contra a mulher em todo o país. Roraima foi o território que registrou o maior número de ocorrências relativas a homicídios de mulheres e violência psicológica, com mais de 3 mil casos, de acordo com dados do Anuário de Segurança Pública (2021)”, destaca a pesquisadora.