Um panorama da diversidade de gênero nos cargos de liderança do governo federal, por Waleska de Fátima Monteiro e Tanise Brandão Bussmann

31 de julho, 2024 Jota Por Waleska de Fátima Monteiro e Tanise Brandão Bussmann

Apesar de avanços, deve haver esforços para que o crescimento de mulheres nesses espaços seja mais homogêneo

Em 2023, a americana Claudia Goldin foi a primeira mulher a ganhar, sozinha, o Prêmio Nobel de Economia. Ao longo dos 54 anos de premiação, e mais de 90 laureados, apenas 3 mulheres[1] ganharam o prêmio, sendo 2 em conjunto com outros pesquisadores homens. A lacuna de gênero foi exatamente o que rendeu a ela a consagração: ao longo de sua carreira, Goldin se dedicou a investigar as inequidades de gênero no mercado de trabalho.

Um dos resultados da pesquisa de Claudia Goldin mostrou que, ao longo do último século, a proporção de mulheres no mercado de trabalho triplicou. Contudo, a discrepância entre gêneros persiste pelo fato de o mercado valorizar, cada vez mais, trabalhadores que dedicam mais tempo ao emprego. Com isso, pode-se compreender o motivo de os homens terem se sobressaído ao longo do tempo, uma vez que eles se dedicam apenas a uma jornada, enquanto mulheres se desdobram entre a dupla e, por vezes tripla, jornada de trabalho.

De acordo com estudo do IPEA de 2023, a diferença entre horas em trabalho doméstico e de cuidados atribuída ao gênero é de 11 horas semanais. Ou seja, a mulher dedica, em média, 11 horas a mais do que os homens em trabalho não remunerado. Estes valores variam de acordo com (i) a presença de filhos pequenos ou idosos, (ii) a idade da mulher e (iii) o seu nível educacional.

Em termos de dedicação às tarefas domésticas, as mulheres com menor escolaridade e homens com maior escolaridade apresentam uma participação superior. Quanto à remuneração, mulheres que apresentam uma maior remuneração em relação aos seus companheiros tendem a dedicar mais tempo às tarefas domésticas, sugerido que esta funciona como uma maneira de neutralização da situação laboral.

A participação entre homens e mulheres é heterogênea no mercado de trabalho. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, a partir de dados da PNAD de 2023, as mulheres integraram 42,26% dos trabalhadores ativos, participação inferior à metade. No entanto, a população brasileira é majoritariamente feminina, composta de 104,5 milhões de mulheres (51,5%) e 98,5 (48,5%) milhões de homens.

Mas, e no serviço público federal? Há diferença de participação feminina quando a forma de ingresso é por meio de concurso público, o qual busca avaliar e aprovar aqueles que estão melhor preparados?

De acordo com dados do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, as mulheres são maioria entre os ingressantes na Administração Pública Federal, representando, em 2023, 53,3% do total de ingressantes[2]. Quando o recorte é pelo ingresso por meio de concurso público, a participação feminina, no mesmo ano, cai para 44,5%.

Ao analisar o estoque de servidores a partir dos dados disponíveis no observatório de pessoal do Governo Federal, percebe-se que a diferença exposta acima se mantém para os ingressantes via concurso público. Os dados mostram que 54,6% da força de trabalho é do gênero masculino e 45,4% do gênero feminino.

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