Uma em cada quatro denúncias de violência política de gênero foi encerrada ou arquivada, diz pesquisa

03 de setembro, 2024 CNN Por Taísa Medeiros

Relatório analisou os 175 casos denunciados entre 2021 e 2023, dos quais apenas 12 resultaram em ações penais

Três anos após a criação da primeira lei federal sobre violência política de gênero, sancionada em 2021, os dados mostram que ainda há dificuldades de implementação e punição para os casos denunciados.

Segundo o relatório Monitor da Violência Política de Gênero e Raça, uma em cada quatro representações de violência política de gênero foi encerrada ou arquivada, o que corresponde a 23% dos 175 casos denunciados no período. Dessas, apenas 12 resultaram em ações penais eleitorais até janeiro de 2024, e oito ainda estão em fase de julgamento.

Os dados são do Observatório Nacional da Mulher da Política da Câmara dos Deputados, do Instituto Alziras e da Agência Francesa de Desenvolvimento, que obtiveram, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), o levantamento dos casos de violência política de gênero e raça monitorados entre 2021 e 2023 pelo grupo de trabalho de prevenção e combate à Violência Política De Gênero (GT-VPG), criado pela Procuradoria Geral Eleitoral no âmbito do Ministério Público Federal.

A diretora do Instituto Alziras, Tauá Lourenço Pires, avalia que a lei ainda está em fase de incorporação pelo sistema de justiça. “A gente tem uma expectativa de que, aos poucos, o próprio sistema consiga captar o próprio conceito. Se uma violência é lida como difamação, como injúria, acaba não compreendendo que aquela violência está impedindo a atuação política da mulher, portanto é violência política de gênero”, explica.

Outro gargalo da norma, segundo Tauá, é a reparação para as vítimas, de forma que minimize a dor causada pela situação de violência. Um exemplo positivo, segundo a presidente, é o caso da deputada estadual Mônica Seixas (PSOL), de São Paulo.

O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) determinou que o ex-deputado estadual paulista Wellington Moura fique impedido, durante dois anos e oito meses, de frequentar a Assembleia Legislativa paulista e qualquer outro lugar em que a deputada esteja exercendo seu mandato. Moura também precisou fazer um curso de letramento em gênero com duração mínima de 20 horas e indenizar Mônica em R$ 44 mil.

Em 2022, durante sessão extraordinária da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o deputado assediou, constrangeu e humilhou a deputada negra ao dizer que “sempre colocaria um cabresto em sua boca” quando ele estivesse presidindo a sessão e que faria isso “em todas as vezes que fosse presidente”.

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