Desafiando o status quo: a luta pela diversidade nas eleições de 2024, por Liliane Rocha

04 de outubro, 2024 Diplomatique Por Liliane Rocha

O que aconteceria com duas mulheres se uma delas desse uma cadeirada na outra em rede nacional? O que seria de um homem ou mulher negros que tomassem tal atitude em termos de julgamento popular?

Pablo Marçal afirmou que “mulher não vota em mulher, mulher é inteligente”. Mas, será mesmo? Eu tenho certeza de que nem você e nem eu concordamos com essa frase. Nas eleições de 2024, teremos a oportunidade de mostrar que a diversidade e a inclusão podem, sim, transformar a política do nosso país. Ainda assim, na cidade de São Paulo, por exemplo, as pesquisas eleitorais apontam que temos quatro homens brancos como os favoritos no pleito. Se diversidade, inclusão, igualdade e representatividade são valores para nós, então por que isso acontece?

Se seguirmos essa reflexão, o mesmo acontece no Rio de Janeiro; Eduardo Paes, Tarcísio Motta e Delegado Ramagem são os três candidatos que pontuam melhor nas pesquisas. Até mesmo em Salvador, o candidato Bruno Reis lidera disparado. Mas, se nós consideramos que mulheres e negros também são competentes, então por que isso acontece?

Minha principal teoria é que o sistema nos oprime e nos direciona a continuar fazendo tudo igual, tal qual a primeira lei de Newton, que afirma que um corpo em repouso ou em movimento retilíneo uniforme tende a permanecer nesse estado, a não ser que uma força externa aja sobre ele. Os partidos seguem escolhendo, majoritariamente, homens, brancos, heterossexuais, cisgêneros, sem deficiência. Que, por sua vez, escolhem vice-prefeitos e vice-prefeitas que são a sua imagem e semelhança.

A segunda teoria é que, mesmo podendo tentar fazer diferente, seguimos sendo sequestrados pelos nossos vieses inconscientes, que nos fazem escolher tudo sempre igual e a avaliar de forma diferente, e desproporcional, comportamentos masculinos e femininos, de pessoas brancas e negras, e assim por diante. O que aconteceria com duas mulheres se uma delas desse uma cadeirada na outra em rede nacional? O que seria de um homem ou mulher negros que tomassem tal atitude em termos de julgamento popular?

Além disso, com a aprovação da Lei nº 14.192/21, a violência política contra mulheres durante a campanha eleitoral ou mandato passa a ser reconhecida como uma conduta criminosa. No entanto, Tabata Amaral e Marina Helena tiveram fotos suas forjadas, com conteúdo sexual, durante esta eleição.

Segundo o estudo da União Interparlamentar, o Brasil ocupa a 135ª posição no ranking de desigualdade de gênero na política. Até a última vez em que analisei o estudo, Irã, Ruanda, Senegal e Emirados Árabes Unidos estavam à nossa frente. Mas como? Você provavelmente me perguntaria. A minha resposta é porque o Brasil é extremamente desigual. Mais desigual do que você pensa.

Vamos refletir: os núcleos sociais mais privilegiados continuarão a dominar a cena política? E você, está usando critérios de diversidade e inclusão na hora de votar? Suas escolhas realmente representam a pluralidade da sociedade?

O voto é a sua ferramenta estratégica para valorizar o interesse social e coletivo, destinado a promover mudanças, das mais concretas às mais subjetivas. Conforme os dados divulgados pelo Supremo Tribunal Eleitoral, cerca de 154 milhões de brasileiros irão às urnas em mais de 5 mil municípios no país, para escolherem novos prefeitos(as), vice-prefeitos(as) e vereadores(as). Ou seja, decidiremos sobre quem representará o povo brasileiro e os municípios.

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