Mulheres enfrentam desafios maiores para entrar na política, dizem prefeitas eleitas em capitais

29 de outubro, 2024 Folha de S. Paulo Por Josué Seixas

Adriane Lopes (PP), em Campo Grande, e Emília Corrêa (PL), em Aracaju, são as únicas a liderar capitais no país

Adriane Lopes (PP), em Campo Grande (MS), e Emília Corrêa (PL), em Aracaju (SE), são as únicas mulheres eleitas prefeitas em capitais no pleito deste ano.

Em Campo Grande, duas mulheres ocuparam o cargo de forma indireta: Nelly Bacha, em 1983, e a própria Adriane, que assumiu o mandato em 2022 após a renúncia do então prefeito, Marquinhos Trad. Neste segundo turno ela disputou com Rose Modesto (União). A vice-prefeita eleita é Camila Nascimento de Oliveira (Avante).

Em Aracaju, Emília Corrêa derrotou Luiz Roberto (PDT), que era apoiado pelo atual prefeito, Edvaldo Nogueira (PDT), e pelo governador Fabio Mitidieri (PSD). Ela contou com suporte de Jair Bolsonaro (PL). Quatro mulheres concorreram nessas eleições na capital sergipana, contra dois homens. O vice-prefeito eleito é Ricardo Marques (Cidadania).

“As mulheres enfrentam desafios maiores ao entrarem na política, desde dificuldades no financiamento de campanhas até barreiras culturais e preconceitos. Por isso, a representatividade feminina acaba sendo reduzida em cargos executivos, mesmo nas capitais”, disse Corrêa à Folha.

Lopes afirmou que a vitória de mulheres nas capitais representa um avanço contra o conservadorismo.

“É um grande desafio, mas nós estamos abrindo caminho para que outras mulheres também se posicionem, não só na política, mas em outros espaços e esferas de poder. Quando uma mulher se posiciona, outras também criam coragem e entendem que podem estar ocupando esses espaços”, disse ela, para quem o Mato Grosso do Sul é um estado conservador.

Ao todo, 728 mulheres conquistaram o cargo máximo do Executivo municipal neste ano, cinco delas no segundo turno concluído neste domingo (27). Isso representa um aumento de 10% em relação a 2020, quando o país teve 662 eleitas. Foram 244 municípios que elegeram prefeitas pela primeira vez neste ano.

O número total de prefeitas pode aumentar, pois em cinco municípios do país —o principal deles, Vitória da Conquista (BA)— os resultados estão sub judice, o que significa que a posse depende de definição da Justiça Eleitoral.

Os partidos lançaram 2.362 candidatas ao cargo em 1.986 municípios do país. Uma em cada três delas conseguiu se eleger, o que representa um crescimento de cinco pontos percentuais em relação à taxa registrada na última eleição municipal.

Tanto Corrêa como Lopes avaliam que os resultados deste ano serão propulsores dos próximos pleitos. “De fato, ter apenas duas capitais lideradas por mulheres ainda é pouco”, disse a eleita em Aracaju.

“Acredito que para os próximos anos, principalmente aqui no nosso estado, estamos inaugurando um novo tempo para mulheres”, afirmou a eleita em Campo Grande, argumentando que se preocupou com a paridade nos cargos nas secretarias durante os dois anos e meio em que esteve no comando do município —segundo ela, 40% do primeiro escalão é ocupado por mulheres.

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