(BBC Brasil) O número de filhos por mulher no Brasil caiu em 2010 e está abaixo do nível de reposição da população, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. Isso significa que a população total – descontando-se a imigração – está em tendência de queda, já que o número de pessoas que nasce é menor do que o número de pessoas que morre.
O nível de reposição do Brasil – necessário para garantir a substituição de gerações – é de 2,1 filhos por mulher. Em 2000, a média de filhos por mulher no Brasil era de 2,38. Segundo os dados divulgados nesta sexta-feira, referentes a 2010, esse índice caiu para 1,9.
A menor fecundidade também pode sinalizar uma mudança de perfil da população brasileira, com aumentando a proporção de pessoas idosas.
Confira alguns dos destaques de uma amostra de dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira sobre o censo realizado em 2010, em comparação com 2000:
- O nível de instrução da população aumentou. Desde 2010, o percentual de pessoas sem instrução caiu de 65,1% para 50,2%. A proporção de pessoas com curso superior completo subiu de 4,4% para 7,9%.
- a mortalidade infantil caiu em 47,6% – de 29,7 para 15,6 por mil crianças nascidas;
- em 2010, 45,6 milhões de pessoas (23,9% da população total) tinham algum tipo de deficiência: visual, auditiva, motora ou mental;
- 0,9% dos trabalhadores têm renda superior a 20 salários mínimas; 6,6% dos trabalhadores não têm renda; 32,7% ganham até um salário mínimo;
- em dez anos, o rendimento médio das mulheres subiu mais do que o dos homens – aumento de 13,5%, contra 4,1%, respectivamente. Mas as mulheres ainda ganham apenas 73,8% do rendimento médio dos homens;
- o número de imigrantes internacionais vivendo no Brasil subiu 86,7% em dez anos – de 286,5 mil para 143,6 mil;
- a proporção de uniões consensuais aumentou – de 28,6% em 2000 para 36,4%; a proporção de casamentos (civis ou religiosos) diminuiu de 49,2% para 42,9%;
- sete milhões de pessoas – ou 11,4% da população – levam mais de uma hora para chegar ao trabalho;
- o rendimento médio mensal subiu no Brasil em dez anos – de R$ 1.275 para R$ 1.345; o ganho real foi de 5,5%.
Acesse em pdf: Fecundidade no Brasil não supera reposição; veja destaques do censo 2010 (BBC Brasil – 27/04/2012)
(Luciana Nunes Leal e Wilson Tosta, de O Estado de S. Paulo) Dados do Censo 2010 divulgados ontem mostram queda recorde do índice de mortalidade infantil no País. Em 2010, a taxa chegou a 15,6 mortes de bebês de menos de 1 ano por mil nascidos vivos, o que representa uma redução quase à metade (de 47,5%) em relação aos 29,7 por mil de 2000.
Apesar da queda significativa, a taxa brasileira continua muito distante da de países da América Latina como Cuba (5,04 mortes por mil nascidos vivos) e Chile (6,99). No ranking da ONU utilizado pelo IBGE, o Brasil está no 87.º lugar de 197 países, entre o México (15,4) e a Venezuela (16,14). Os mais bem colocados são Cingapura (1,92), Hong Kong (2,03) e Islândia (2,06).
Expansão das políticas públicas de prevenção, com programas como Saúde da Família, ampliação das transferências diretas de renda, maior escolaridade das mães, redução da taxa de fecundidade (número de filhos por mulher) e melhorias no saneamento foram fatores decisivos para a redução do índice de mortes na última década.
“A redução é extremamente expressiva e é resultado, acredito, de inúmeras transformações da sociedade brasileira, no que diz respeito não só ao sucesso das políticas públicas na área de saúde, mas de maior escolaridade das mães, melhores níveis de renda, melhor acesso à educação”, disse a presidente do IBGE, Wasmália Bivar. Para ela, como a taxa de fecundidade caiu, as mães têm menos filhos para cuidar e podem dar mais atenção a cada um deles.
“Essa grande rede social permitiu fazer uma leitura do que estava acontecendo, detectar as doenças comuns em cada região, levar mais informações aos pais, capacitar agentes de saúde, sinalizar caminhos para as autoridades, que puderam traçar planos de curto e médio prazo”, diz a professora Helen Campos Ferreira, do Grupo de Pesquisa de Saúde Integral da Mulher e do Recém-Nato, da Universidade Federal Fluminense (UFF).
A professora diz que um novo salto será possível com a maior atenção à mãe e maiores cuidados no parto. “Existe uma alta incidência de mortes por assistência ineficaz no parto. As mães adolescentes precisam de atenção especial. Elas estão em crescimento e não geram ferro e cálcio suficientes para o bebê.”
Nordeste. A queda brusca da mortalidade no Nordeste, de 58,6%, foi determinante para a redução do índice nacional. Embora ainda tenha o pior índice, a taxa caiu de 44,7 mortes por mil para 18,5 por mil.
Desde 1960, quando o Brasil tinha 131 mortes de bebês por mil nascidos vivos (índice do Afeganistão), a maior redução aconteceu entre 2000 e 2010.
Fecundidade. Dados divulgados ontem apontaram que o índice de fecundidade chegou a 1,9 filho por mulher, o que está abaixo da taxa de reposição, de 2,1 filhos por mulher. As projeções indicam estabilização e posterior queda da população brasileira a partir de 2030.
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, diz que a queda é resultado de investimentos em pré-natal e assistência familiar.
No caso de Hosana Severina dos Santos, de 33 anos, o pré-natal permitiu identificar a pressão alta no começo da gravidez e nas consultas ela recebeu medicação e orientação nutricional.
“Não fosse o pré-natal, eu poderia ter perdido minha filha”, reconhece ela, que teve um pico de pressão aos 8 meses da primeira gravidez e foi submetida a uma cesariana de urgência. Sua mãe, Maria Severina dos Santos, de 68 anos, teve 11 filhos, perdeu 2 e nunca fez pré-natal. Helena Severina da Conceição, sua avó, deu à luz 13 filhos. Quatro morreram – dois logo ao nascer.
Acesse em pdf: País tem queda recorde nos índices de mortalidade infantil, mostra IBGE (O Estado de S. Paulo – 28/04/2012)
“Pesquisadores dizem que redução da taxa de fecundidade no país contribuiu. Apesar do ganho, Brasil ainda está distante das taxas obtidas por países europeus; maior queda ocorreu no Nordeste.” – Mortalidade infantil cai pela metade em 10 anos, diz IBGE (Folha de S.Paulo – 28/04/2012)