05/06/2012 – Para Ancine, nova lei criará mil horas anuais de conteúdo brasileiro

05 de junho, 2012

(Alberto Pereira Jr, da Folha de S.Paulo) Reprises poderão ser contabilizadas na cota de produtos nacionais estabelecida pela regra.

Manoel Rangel, diretor-presidente da agência, diz que legislação criará “demanda real” para produtoras independentes

 

Após meses de consulta pública, a Ancine (Agência Nacional de Cinema) publicou ontem, no Diário Oficial da União, as instruções normativas 100 e 101 que regulamentam a lei 12.485/2011, sobre a TV paga.

Entre as especificações do projeto está a inclusão de reality shows e de programas de variedades criados no Brasil na contabilização da cota de produção nacional que as emissoras deverão atender a partir de 1º de setembro.

A lei -que tramitou no Congresso durante cinco anos e foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff no ano passado- determina que as TVs por assinatura reservem espaço para o conteúdo nacional em sua programação do horário nobre. Metade desta produção deverá ser realizada por meio de parceiros independentes.

Ontem, na abertura do Fórum Brasil de Televisão, Manoel Rangel, diretor-presidente da Ancine, disse que a legislação fomentará o mercado audiovisual do país, criando “demanda real para a produção independente”.

Segundo ele, em setembro de 2013, quando a lei estiver plenamente em vigor, estima-se que haverá a criação de mil horas anuais de conteúdo nacional e independente.

Até lá, porém, as programadoras terão tempo para se adequar às mudanças.

A partir de 12 de setembro deste ano, a lei já obrigará os canais pagos a dispor em seu horário nobre de cerca de duas horas semanais de programação nacional. Isso é 2/3 do total requerido, de 3h30 semanais, requeridos apenas a partir do ano que vem.

Para os canais destinados ao público infantil e adolescente, o horário nobre passa a ser definido em duas faixas: das 11h às 14h e das 17h às 21h. Para as demais emissoras, o horário nobre ganhou uma hora: das 18h à 0h.

Após a consulta pública, realizada de janeiro a março, as reprises foram liberadas e aceitas na contagem da cota.

Por enquanto, a Ancine não vai regular as reexibições de uma mesma obra. Mas, se a agência detectar abuso, serão criadas regras específicas para essa demanda.

“BIG BROTHER”

A rejeição inicial da contagem de realities e programas de variedades na cota nacional criou polêmica entre programadoras.

Com a nova regra, atrações derivadas de formatos estrangeiros, como o “Big Brother Brasil” (Globo), também exibido pelo Multishow (Globosat), estão impedidas de serem contabilizadas na cota.

Procuradas pela Folha, Globo e Globosat não se manifestaram. Segundo Daniela Busoli, diretora-geral da Endemol Brasil, que cria e vende formatos no país, a barreira aos estrangeiros atrapalha os negócios, mas obriga as produtoras e as TVs brasileiras a criarem projetos originais.

Acesse em pdf: Para Ancine, nova lei criará mil horas anuais de conteúdo brasileiro (Folha de S.Paulo – 05/06/2012)

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