(Adital) A ONG Ativa está fazendo um alerta para o aumento dos casos de feminicídio no Chile e para a necessidade de se tomar medidas para abater este crime. No estudo ‘Comportamento do Feminicídio no Chile – Desafios e lacunas’, a organização traça um perfil das vítimas, dos agressores, revela os locais de maior risco para elas e faz uma série de recomendações que vão desde mudanças no conceito de feminicídio até melhoras na cobertura dos programas de governo para as mulheres.
O estudo faz uma comparação dos casos de feminicídio de janeiro a junho de 2011 e de janeiro a junho deste ano. A constatação foi um aumento de 30,7% nos casos, que passaram de 13 para 17. As cifras são altas, mas a Rede Chilena contra a Violência Doméstica e Sexual acredita que elas sejam bem maiores. A Rede denuncia que no primeiro semestre deste ano já ocorreram 25 feminicídios e no mesmo período do ano passado foram 17 casos, um aumento de 47%.
Gloria Requena, diretora da ONG Ativa, acredita que as cifras realmente possam ser mais altas, já que crimes que deveriam ser catalogados como feminicídios muitas vezes são definidos como homicídios. Gloria aponta que isso se deve ao fato de que o Serviço Nacional da Mulher (Sernam) só conta como feminicídios casos ocorridos dentro de um contexto de relação de casal e deixa de fora as jovens assassinadas depois de serem violadas, os casos de mulheres assassinadas pelos namorados, os de trabalhadoras sexuais assassinadas por clientes e os casos de mulheres adultas assassinadas por desconhecidos.
O perfil traçado pelo estudo da organização mostra que as vítimas se concentram, em sua maior parte, na faixa etária que vai de 20 aos 39 anos, período considerado “de consolidação das relações de casal e, em especial de convivência”. Já os agressores estão na faixa compreendida entre os 20 e os 59 anos, no entanto, o estudo revela uma preocupação com o crescimento do segmento de 20 a 39 anos durante o primeiro semestre deste ano.
Com relação à vinculação da vítima com seu agressor, o estudo aponta que no primeiro semestre de 2012 houve intensa concentração de casos entre casais que conviviam juntos (relações formalizadas ou não). Apesar disso, a violência vem crescendo entre casais de namorados e ex-namorados. As motivações quase sempre são as mesmas: ciúmes (52% dos casos registrados neste ano) e vingança em virtude da recusa da mulher às pretensões amorosas do agressor (24%).
A ONG Ativa revela que o uso de arma de fogo e arma branca cresceu nos casos de violência que resultaram em morte. Estes instrumentos foram usados em 73% dos casos, em 14% dos crimes elas foram vitimadas por asfixia e 10% perderam a vida pelo uso de objetos contundentes. O estudo chama atenção para o fato de que as mortes por arma branca tiveram mais requintes de crueldade e violência por parte dos agressores, revelando que apenas matar a vítima não era o bastante.
Diante destas e de outras revelações que podem ser vistas na íntegra aqui, ONG Ativa faz recomendações com a finalidade de acabar com o feminicídio no país e melhorar as políticas públicas de prevenção e tratamento a este crime.
Melhoras no sistema estatístico de violência intrafamiliar; mudanças na estrutura pública de proteção às vítimas de violência; incremento nos orçamentos para prevenção e controle da violência intrafamiliar; incremento nos orçamentos de programas voltados para homens agressores; maior cobertura das casas de acolhida para vítimas de violência grave; e políticas comunicacionais em torno à prevenção da violência são alguns dos pedidos e recomendações da organização.
Acesse em pdf: Estudo revela aumento nos casos de feminicídio e faz recomendações para abolir este crime no país (Adital – 11/07/2012)