(Uol notícias) O Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) também informou hoje que um pedido de habeas corpus para os integrantes da banda e para o policial foi concedido pela Justiça. O pedido foi julgado na 2ª turma da 1ª Câmara Criminal do TJ-BA pelo desembargador Lourival Almeida Trindade, relator da sessão.
A denúncia do MP-BA ocorreu uma semana após a conclusão do inquérito da Polícia Civil de Ruy Barbosa, cidade onde o crime supostamente aconteceu. Os integrantes da banda Alan Aragão Trigueiros, Edson Bonfim Berhends Santos, Eduardo Martins Daltro de Castro Sobrinho, Guilherme Augusto Campos Silva, Jefferson Pinto dos Santos, Jhon Ghendow de Souza Silva, Michel Melo de Almeida, Weslen Danilo Borges Lopes e William Ricardo de Farias estão detidos no presídio de Feira de Santana.
No documento, que foi protocolado no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) na manhã desta terça, a promotora de Justiça Marisa Marinho Jansen Melo de Oliveira classificou os atos como “vis e animalescos” e denunciou o grupo por “estupro qualificado, com concurso de duas ou mais pessoas, concurso material com características de crime hediondo.”
Acusações
Segundo informações da denúncia, o crime ocorreu no interior do ônibus estacionado na praça Santa Tereza, centro de Ruy Barbosa.
“Os acusados abusaram sexualmente das duas adolescentes, com elas praticando, mediante extrema violência, por repetidas vezes e em alternância, conjunção carnal e atos libidinosos diversos em razão do que foram presos em flagrante”, destaca a promotora de Justiça.
As duas adolescentes, que são de Itaberaba, estavam em uma micareta da cidade. Após a apresentação da banda, teriam pedido autógrafos dos integrantes da New Hit e para tirar fotos com eles. De acordo com a promotora, neste momento, os membros do grupo sugeriram que fossem para o ônibus.
“As adolescentes em nenhum momento fizeram essa solicitação por conta própria”, ressalta Marisa Jansen.
Ainda segundo a denúncia, no interior do veículo as garotas passaram a ser “vítimas de atitudes libidinosas por parte dos dançarinos Alan, Wesley e Guilherme, bem como do vocalista Dudu, tendo as duas jovens os repreendido”. Em seguida, sob o argumento de que “ali seria mais claro” para fazer as fotografias, as duas jovens foram atraídas para o fundo do ônibus pelos integrantes da banda. Uma delas foi puxada pelos cabelos e agredida brutalmente por William, conhecido como Brayan, que a levou para o banheiro, onde o crime aconteceu.
“Durante todo o tempo, a adolescente era xingada e agredida fisicamente. Esta mesma vítima ainda foi estuprada, ato contínuo, por Alan, vulgo Alanzinho, e Edson dos Santos”, informa a denúncia.
Já com a outra adolescente, o processo a violência foi descrito pela promotora como “vil e animalesco”. A vítima, que era virgem até então, conforme comprovado em laudo pericial, foi imobilizada, xingada e agredida enquanto era violentada.
“Após o estupro, as vítimas foram retiradas do veículo por um dos seguranças, sendo mais uma vez alvo de absurda humilhação e violência”, complementa a denúncia.
“Todos os atos descritos na denúncia estão comprovados por testemunhos e laudos periciais que comprovaram ainda a presença de espermatozoides nas roupas dos acusados, além de sangue e sêmen nas roupas das vítimas”, diz a promotora.
As adolescentes foram incluídas no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte.
De acordo com o advogado da banda, Kléber Andrade, os integrantes da banda vão retornar para Salvador, “ter a vida normal e fazer shows”.
“Eles devem ser soltos dentro de alguns dias porque tem a tramitação para a comarca de Ruy Barbosa e depois para o presídio”, disse o advogado ao UOL.
No entanto, Andrade destacou que ainda não teve acesso à denúncia do Ministério Público. “Ainda não vi a denúncia. Vou esperar para ler, apresentar as respostas e depois será a fase das audiências”, complementou. A assessoria da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização foi procurada pela reportagem para informar quando os integrantes da banda deverão ser soltos, mas não foi localizada.
No último dia 3 de setembro, o delegado Marcelo Cavalcanti divulgou que o laudo do Departamento de Polícia Técnica de Feira de Santana referente aos exames periciais das duas jovens, que são da cidade de Itaberaba (280 km de Salvador), confirmava as acusações de estupro.
O caso teve grande repercussão na Bahia e chegou a gerar manifestação de fãs e de pessoas contrárias à banda de pagode, que faz sucesso com músicas de duplo sentido e apelo sexual.
Acesse em pdf: MP denuncia os nove integrantes da banda New Hit por estupro; grupo consegue habeas corpus (Uol notícias – 02/01/2012)