(Folha de S. Paulo) No capítulo, a vilã Carminha (Adriana Esteves), teve todas as suas armações descobertas, foi escorraçada da mansão onde vivia e ainda levou uma bofetada do marido traído, Tufão (Murilo Benício), que disse que a mataria.
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A trama bateu recorde: chegou a 49 pontos no Ibope. Cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande SP.
Na internet, o público se regozijou com os insultos, tabefes e empurrões trocados na tela. Algumas pessoas, porém, questionaram a violência empregada por Tufão.
“Muitos telespectadores sentiram-se vingados […]. Mas o que passa pela cabeça do sujeito em casa, que cresceu em uma sociedade machista como a nossa, quando vê um dos heróis da trama empregando violência doméstica? “, escreveu o jornalista e professor Leonardo Sakamoto, em seu blog no UOL, empresa do Grupo Folha, que edita a Folha.
“Que tal processar Tufão pela Lei Maria da Penha?”, indagava o título do post de Sakamoto. Maria da Penha Maia Fernandes, 67, farmacêutica que dá nome à lei 11.340, sancionada pelo ex-presidente Lula em 2006, acha que não seria o caso.
“Essa mulher, Carminha, não tinha a liberdade cerceada nem corria risco de morrer. Não era humilhada nem impedida de sair de casa, coisas que poderiam caracterizar uma violência motivada pelo gênero, doméstica.”
Maria da Penha, no entanto, diz que o fato de uma mulher trair o marido não justifica a agressão. Mas enxerga, no caso de Carminha, “uma violência causada por valores morais, que motivou outras mulheres da novela a aprovarem o resultado”.
Para a delegada Isilda Cristina Vidoeira, da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, na zona sul de São Paulo, Carminha poderia, sim, denunciar Tufão. “Eu não julgo a sua conduta. Mas ela é mulher dele e foi agredida”, diz.
“Se você perguntar se gostei de ver Carminha apanhar, digo que sim. Mas está certo? Não, não está”, completa.
“Qualquer mulher agredida fisicamente pelo marido poderia e deveria denunciá-lo, mas Carminha teria de prestar contas das denúncias que existem contra ela…”, afirma Adriana Esteves.
“As pessoas na internet e o público na rua se estressam e torcem [com a novela] como se estivessem vivenciando um fato real.”