19/11/2013 – Homicídios reduzem expectativa de vida de negras e negros no Brasil

19 de novembro, 2013

(UOL) Na véspera do Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quarta-feira (20), um estudo apresentado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revela o efeito devastador dos homicídios sobre a expectativa de vida dos negros no Brasil. O homem negro perde, na média do país, 1,73 ano de vida –o equivalente a 20 meses– por causa dos assassinatos. Entre não negros, o índice é de 0,81 ano, menos da metade da perda.

O artigo “Vidas Perdidas e Racismo no Brasil”, de Daniel Cerqueira, do Ipea, e de Rodrigo Leandro de Moura, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), divulgado nesta terça-feira (19), toma como base dados do Censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileira de Geografia e Estatística). O estudo mostra que Alagoas é o Estado onde o peso dos homicídios sobre a perda da expectativa de vida entre os negros é maior: chega a 4,08 anos.

Pouco abaixo, estão Espírito Santo e Paraíba, com perdas de 2,97 e 2,81 anos respectivamente. Norte, Nordeste e Centro-Oeste são as regiões em que os homicídios resultam em perdas maiores na expectativa de vida dos negros.

Levando em conta outras mortes violentas, como acidentes com transportes –inclui trem, avião, barco e veículos– e suicídios, os negros perdem 3,49 anos de expectativa de vida no país, sendo que em Alagoas a perda passa de 6 anos. Mas o efeito dos acidentes é bem menor que os homicídios. Enquanto estes reduzem em 1,73 ano a expectativa de vida dos negros brasileiros, os desastres diminuem 0,97 ano.

Entre os não negros, acontece o inverso. Os acidentes com transporte pesam mais (0,99 ano) que os homicídios (0,81 ano) na redução da expectativa de vida ao nascer. Considerando somente os homicídios, a maior perda para os não negros é verificada no Paraná (1,75 ano). Em Alagoas, Estado com efeitos mais devastadores para os negros, os homicídios reduzem a expectativa de vida dos não negros em apenas 0,29 ano.

“Os resultados trazem à tona uma grande ferida aberta desde a abolição da escravatura, ainda não fechada nos dias atuais”, afirmam os autores do artigo.

Mulheres

Entre as mulheres, os efeitos das mortes violentas sobre a expectativa de vida são bem mais baixos. Entre as não negras, esse tipo de causa de mortalidade reduz a expectativa de vida ao nascer em 0,74 ano, com peso maior dos acidentes com transportes (0,28). Os homicídios reduzem a expectativa dessas mulheres em 0,11 ano.

Entre as negras, os homicídios têm um peso maior (0,16 ano), mas o efeito do total das mortes violentas, que incluem acidentes e suicídios, é menor (0,65).

Acesse o PDF: Homicídios derrubam em mais de 1 ano e meio a expectativa de vida dos negros no país (UOL, 19/11/2013)

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