Revista Época aborda violência contra a mulher

04 de abril, 2014

(Época, 04/04/2014 ) Quando as brasileiras já estavam indignadas com os abusos sofridos no transporte público e com o descaramento de grupos de “encoxadores” que se reuniam no Facebook para trocar dicas sobre como assediar mulheres, uma nova notícia mostrou que não há limites para a boçalidade. Na semana passada, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou uma pesquisa em que 65,1% de quase 4 mil entrevistados responderam que mulheres que mostram o corpo “merecem ser atacadas” – nesta sexta-feira, o Ipea anunciou que esse percentual era, na realidade, 26%. Outros 58,5% dos entrevistados concordaram com a frase “Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”. Para quase dois terços de quem foi ouvido na pesquisa, segundo a versão inicial do levantamento, as vítimas são culpadas. Apenas uma minoria parece acreditar no óbvio: nenhuma mulher merece ser estuprada, e suas roupas ou seu comportamento não dão nenhum tipo de razão a seus agressores.

Em vez de tolerar a ofensa, mulheres indignadas com o resultado da pesquisa decidiram reagir. A notícia provocou comoção nas redes sociais. Uma campanha organizada no Facebook pela jornalista Nana Queiroz convidou usuá­rias da rede social a publicar suas fotos acompanhadas da frase “Eu não mereço ser estuprada”. Mais de 40 mil mulheres confirmaram a participação no protesto. Artistas como Valesca Popozuda, Juliana Paes, Claudia Leitte e Daniela Mercury aderiram ao movimento. “Homens que atacam mulheres são monstros”, diz Valesca. “Já cansei de andar em ônibus apertado e de ficar com o cotovelo para trás para não encostarem em mim, ou de passar perto de grupos de homens e sofrer algum assédio. No Carnaval, tinha de ter o cuidado de não andar sozinha, pois muitos se achavam no direito de passar a mão”, afirma Daniela. “Aderi à campanha porque as mulheres precisam mostrar que têm consciência de seus direitos e porque não aceito o machismo e a violência.” A presidente Dilma Rousseff também manifestou apoio à campanha. “Nenhuma mulher merece ser vítima de violência, seja física ou sob a forma de ameaça. O governo e a lei estão do lado de Nana Queiroz e das mulheres ameaçadas ou vítimas de violência”, disse ela em seu perfil no Twitter. O movimento foi noticiado na imprensa internacional, em sites como o Huffington Post, Al Jazeera e BBC.

Antes mesmo de o Ipea reconhecer o erro, a metodologia da pesquisa foi criticada. “Existe um indício de que a amostra foi viciada. Isso pode ter ocorrido por diversos motivos – como uso de vizinhanças ou horários específicos”, disse Marcelo Beccaro, sócio diretor da empresa de monitoramento e pesquisa de mercado Hibou. O perfil dos entrevistados é muito distante da realidade brasileira. Mais de dois terços eram mulheres, enquanto o Censo do IBGE afirma que elas são 51,03% da população. Na noite da quinta-feira, o Ipea reafirmou que os dados eram válidos. “Em pesquisas anteriores, aplicamos ajustes que equilibravam as populações, e os resultados não mudam. Concluímos que a atual pesquisa representa, mesmo sem tais ajustes, a população brasileira”, disse Sergei Soares, chefe de gabinete do Ipea. A formulação das perguntas também fora criticada por ser ambígua. Na afirmação “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”, a palavra “atacadas” não significa necessariamente estupro – embora não possa ter nenhuma interpretação positiva. O Ipea afirma que um pré-teste foi realizado com o objetivo de reduzir erros.

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Mesmo que os resultados sejam questionáveis, as reações à repercussão da pesquisa mostram que eles não estão distantes da realidade brasileira. No Facebook, páginas de humor faziam piadas sobre estupro. Grupos machistas reuniam fotos das participantes da campanha para fazer montagens e expô-las como objetos sexuais. A organizadora da campanha passou a sofrer ameaças de agressão e estupro. “Chegaram a me mandar mensagens dizendo que sabiam o endereço do meu trabalho”, diz Nana. “No Facebook, vi mensagens que diziam que a campanha era satanista, que queríamos desvirtuar as mulheres de Deus e que merecíamos apanhar se saíssemos na rua.” Outras mulheres que aderiram ao protesto foram alvo de assédio virtual. Para a ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, o resultado não pode ser ignorado. “Os dados da pesquisa precisam ser analisados com cuidado. No geral, revelam uma sociedade ainda machista, patriarcal e preconceituosa, em que as mulheres são consideradas propriedade dos homens”, diz. Estatísticas sobre a violência no país mostram que há motivo para preocupação. Em 2012, o número de casos de violência sexual cresceu 2,1% em relação ao ano anterior e superou o número de homicídios. A realidade pode ser muito pior. Segundo o Ipea, apenas 10% dos estupros são relatados à polícia. A maior parte das vítimas não procura a Justiça.

“Vivemos numa cultura do estupro que atribui a culpa à vítima. Sabemos disso independentemente dos dados da pesquisa”, afirma Lola Aronovich, criadora do blog feminista Escreva Lola Escreva e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC). Faz parte da cultura do estupro, segundo ela, dizer que é paranoia feminista a realidade violenta e machista do dia a dia. Cultura do estupro é rir de piadas como: “Homem que estupra mulher feia não merece cadeia, e sim um abraço”. Cultura do estupro é tolerar a ação dos encoxadores, que mantêm o hobby perverso de assediar sexualmente mulheres no transporte público lotado e trocam dicas sobre o assunto no Facebook. Cultura do estupro é vender camisetas que dizem que a “fórmula do amor” é embebedar mulheres para conseguir sexo sem resistência. Cultura de estupro são anúncios de preservativos que afirmam que sexo sem consentimento queima mais calorias ou comerciais de cerveja com cantadas e passadas de mão em corpos femininos quase nus.

Para piorar, boa parte das pessoas não faz ideia do que seja estupro. Até 2009, a legislação brasileira só considerava como estupro atos forçados de penetração vaginal. Hoje, a classificação é mais abrangente e inclui qualquer ato libidinoso forçado com alguém. “Durante a campanha, soube de mulher que sofreu abuso pelo pai durante toda a infância. O curioso de sua história é que o pai não faz ideia de que abusou sexualmente da filha: para ele, como não havia penetração, não havia estupro”, afirma Nana. Além de culpar a vítima, o senso comum tem uma visão distorcida do estupro. “Ele não acontece só num beco escuro à noite, entre um psicopata e uma mulher que, pelas roupas, ‘estava pedindo’”, diz Lola. Mais de 70% das vítimas são crianças ou adolescentes. Na grande maioria dos casos, o estupro ocorre em casa e a vítima conhece o agressor.

Ao criar uma rede de solidariedade para mulheres que sofrem com o machismo, campanhas on-line como “Eu não mereço ser estuprada” podem servir como ponto de partida para mudanças culturais. “Quando estamos juntos, mesmo que de forma virtual, conseguimos retomar nossa voz e ter mais força do que se fôssemos sozinhas”, diz Juliana de Faria, criadora da campanha on-line “Chega de fiu-fiu”, que combate o assédio sexual em locais públicos. A campanha ganhou alcance nacional, quando ÉPOCA publicou, em setembro, seu manifesto acompanhado dos resultados de uma pesquisa em que 99,6% das entrevistadas diziam ter ouvido cantadas indesejadas em ambientes públicos e 85% ter recebido “passadas de mão” contra sua vontade. “Ações que começam no mundo virtual acabam tendo consequências no mundo real”, afirma Juliana.

>> As cantadas ofendem

A discussão sobre esses assuntos nas escolas também pode ser um passo importante para combater a cultura do estupro. Incutir em meninos e meninas ainda em idade escolar a ideia de que mulheres devem ser respeitadas é um passo fundamental para mudar essa situação a longo prazo. “Um povo informado torna-se menos preconceituo­so e lida melhor com questões de liberdades individuais”, diz Carmita Abdo, psiquiatra e coordenadora do programa de estudos em sexualidade da Universidade de São Paulo. Mudar a opinião de adultos que foram educados a acreditar que o corpo de uma mulher pode ser violado é mais complexo, e é por isso que o funcionamento das leis é importante. Por medo, vergonha ou por achar que o caso não será solucionado, as vítimas deixam de denunciar os agressores. Isso contribui para a não punição. “É fundamental que a vítima possa fazer a denúncia com segurança e ter certeza de que seu caso será investigado”, afirma Neide Aparecida Ribeiro, especialista em Direito Penal da Universidade Católica de Brasília.

A história recente mostra que a combinação de campanhas educativas e o cumprimento rigoroso das leis tem um bom resultado para combater culturas nocivas. A única boa notícia trazida pela pesquisa do Ipea é a maior sensibilidade em relação à violência doméstica. Dos entrevistados, 91,4% concordam que “homem que bate na mulher tem de ir para a cadeia”. Se, no passado, a violência doméstica era algo trivial, a Lei Maria da Penha e campanhas de conscientização mudaram essa cultura. Num país mais civilizado, repetir exaustivamente que as mulheres não merecem ser estupradas seria algo óbvio e desnecessário. Quando a maioria discorda do óbvio, a repetição pode ser um antídoto contra a boçalidade.

Leia o depoimento da jornalista Nana Queiroz abaixo (Foto: Igo Estrela/ÉPOCA)

“Desde o início da campanha, recebi ameaças de estupro e agressão”

Nana Queiroz – 28 anos I jornalista
Quando soube da pesquisa em que 65,1% dos entrevistados concordaram que mulheres que exibiam o corpo mereciam ser atacadas (o percentual foi corrigido pelo Ipea nesta sexta-feira para 26%), desconfiei da existência dessas pessoas. Hoje, acredito que existem. Desde que lancei uma campanha convocando mulheres a mostrar seu corpo com os dizeres “Eu não mereço ser estuprada”, fui sufocada por ofensas e ameaças de estupro e agressão. Chegaram a me mandar mensagens dizendo que sabiam o endereço do meu trabalho. Outra reação que me espantou foi o humor do brasileiro. Muita gente entrou na onda para fazer piadas, como se estupro fosse algo engraçado. Não vejo nenhuma vítima rir. É preciso ensinar aos jovens que estupro não tem graça, assim como não tem graça passar a mão nas garotas na balada sem autorização, beijar à força no Carnaval ou fazer ofensas disfarçadas de elogios nas ruas. Também é urgente incluir, no Plano Nacional de Educação, que será votado nas próximas semanas na Câmara dos Deputados, a obrigatoriedade de discutir nas escolas as questões de gênero, tema que tem sido boicotado pela bancada religiosa. A internet se mostrou eficiente para começar a mudar essa cultura. A campanha criou uma onda boa que tomou as redes sociais. Mulheres têm falado, pela primeira vez, dos abusos que sofreram. Antes, não tinham coragem para se manifestar ou denunciar seus agressores. Agora, buscam ajuda e começam a recuperar o trauma. A campanha tem o intuito de dizer a elas que a opressão acabou. Não tolerem desrespeito na rua. Falem! Gritem!

Após a correção do Ipea, Nana Queiroz falou ao G1: “Estamos felizes que eles tenham errado, mas 26% ainda é muito alto”.

“O estupro ocorreu dentro da família. Foi assim que perdi a virgindade”

Daiara Figueroa – 31 anos I professora
Sofri abuso sexual durante minha infância e minha adolescência. Tenho lidado com isso minha vida toda. Recentemente, consegui conversar com minha mãe sobre isso e me dei conta de quão demorado e complexo foi o que entendo por meu processo de cura. Quando vi o relato de uma mulher numa entrevista na internet, percebi como era importante falar disso abertamente para ajudar outras pessoas a superar o trauma. Meu estupro aconteceu dentro de minha família, quando eu tinha 15 anos.Foi assim que perdi minha virgindade. Até hoje não tolero que alguém segure meus pulsos com força. No primeiro momento, o sentimento do horror, do nojo do próprio corpo, do ódio, o enjoo, a sujeira era muito grande. Fiquei um bom tempo me ocultando com roupas largas e escuras: não queria aparecer ou chamar a atenção novamente. Em seguida, o sentimento de vingança tomou conta de mim. Sentia-me justiçada ao fazer homens sofrer, ao atraí-los e humilhá-los. Fui cruel com pessoas que não mereciam e que não faziam ideia de por que eu agia assim. Como muitas mulheres, não falei nada para minha família, pois tinha medo da reação, da tristeza que isso poderia gerar. Sobreviver a um estupro é algo lento e demorado. Hoje falo abertamente disso. Não me envergonho, pois sei que não tive culpa de nada. Consegui me abrir com meus namorados, meus amigos e, em especial, minhas amigas. Percebi que esse tipo de violência era comum. Todos conhecemos uma mulher que um dia já foi violentada.

Daiara comentou a correção da pesquisa: “Eu quero dizer que me sinto aliviada que é menor, mas essa pesquisa não invalida a questão que veio à tona e nem como ela está sendo discuta. Antes da retratação, as pessoas falaram que deviam repensar os dados, mas o que eu dizia é que o importante no que estava acontecendo é que as pessoas decidiram falar abertamente. Isso deve ser valorizado. Antes, a sociedade dava mais voz ao agressor, onde as vítimas eram tratados como número. Hoje são pessoas se abrindo e falam disso como um problema social. De maneira alguma isso altera meu posicionamento. Até porque quando começamos essa campanha houve reação violenta. Não só os depoimentos são reais, mas ameaças também. Mesmo que diminua, há pessoas que ainda pensam dessa forma. E isso é perigoso e deve ser combatido”.

“A psicóloga me perguntou: ‘Você estava vestida assim?’. Me senti culpada”

Mariana Miguel Avelino – 25 anos I assistente social
Em abril de 2010, por volta das 6h30 da manhã, sofri uma tentativa de estupro. Eu caminhava até o ponto de ônibus. Do outro lado da calçada, passou um homem me olhando. Falei “bom-dia”, ele não respondeu. Continuei caminhando até sentir um pingo de chuva. Resolvi voltar. Aquele mesmo homem estava novamente no caminho, dessa vez com um capuz na cabeça e a mão no bolso. Quando nos cruzamos, ele me segurou pelo braço, colocou uma garrafa quebrada na minha cintura e disse: “Não quero sua bolsa. Vem comigo, se gritar eu te mato”. Quando percebi que ele me levava para um matagal, comecei a gritar por socorro. Ele só mandava eu calar a boca, aproximava seu corpo do meu, pressionava cada vez mais minha cintura, braço, pescoço e me ameaçava de morte. Desprendi-me dele e saí correndo. Ele me pegou novamente pelo braço, me apertou muito, dizendo que me mataria. Depois de muitos tapas e puxões, consegui me livrar e chegar em casa. Me sentia suja, invadida. Depois, identifiquei o agressor. Fiz um boletim de ocorrência. Talvez por estar acompanhada por meu pai, todos me respeitaram na delegacia. Nunca esquecerei minha primeira consulta com uma psicóloga. Fui vestida com uma calça legging e uma blusa roxa caída no ombro. Depois de contar o ocorrido, ela me perguntou: “Mas você estava vestida assim?”. Me senti culpada. Raspei meu cabelo, achando que poderia ficar feia e chamar menos a atenção. No fim, me senti mais bonita de cabelo raspado. Forte e pronta para a luta.

Mariana comentou a correção da pesquisa: “Em relação a alteração isso não justificativa uma reformulação no posicionamento. A gente ainda tem uma porcentagem que pensa. E 26% ainda é muita gente pensando. Sim, ainda vivemos em uma sociedade que por conta da vestimenta ela merece sofrer esse tipo de violência. Não deve ser assim e temos que educar a sociedade toda refletir de maneira diferente. Não há alivio. Ainda estamos em situação de risco. Ainda é um horror. E não tem nem como acreditar que são esses dados. Quando começou havia homens a favor do estupro. Foram mais de mil pessoas curtindo páginas absurdas. Ainda é muito gritante que há pensando que há uma justificativa as mulheres serem agredidas. Por isso não mudar de forma nenhuma o que penso. Parece que há uma sensação de alívio, na verdade não deve haver índice nenhum. Nenhuma pessoa deve pensar que justifica a violência contra a mulher. Ninguém tem o direito de tocar meu corpo sem meu consentimento. Tendo medo de como reportar isso (a nova informação) porque teve uma repercussão muito grande e não sei como vão recolocar esses dados de novo. Não é positivo. É muito negativo ainda. Não sei como vai ser a visão da sociedade em relação a isso”.

“Um amigo próximo estuprou minha melhor amiga”

Luizi Isensee – 20 anos I estudante
Meu pai sempre pediu para eu não sair de casa com uma determinada roupa. Quando nova, mudava minhas escolhas. Hoje, uso aquilo que me favorece e me deixa confortável. Um dia, um cara me perguntou quanto eu cobrava pelo programa. Ele disse: “Se você está com essa roupa, é porque está fácil”. O que mais me marcou foi quando um amigo próximo estuprou minha melhor amiga. Estávamos reunidos com alguns conhecidos, e ela estava bêbada. O garoto foi deitá-la num quarto. Pouco tempo depois, ela saiu conturbada, com as roupas tortas. Nunca imaginei que ele poderia assediá-la. Demorei a descobrir o que havia acontecido e, apesar dos esforços para convencê-la a denunciar, minha amiga deixou para lá, por medo de sair prejudicada. Ambos tinham 17 anos. Participei da iniciativa sem receios. Queria fazer algo por essa causa. A cultura de culpar a vítima vem do berço.

Luizi comentou a correção da pesquisa: “Acredito que mais de 26% dos brasileiros concordam com a frase porque é isso que noto no meu dia a dia, um número imenso de pessoas que pensam assim. E essa alteração na estatística jamais mudaria meu posicionamento. Não é pela quantidade: mesmo se 1% da sociedade concordasse, eu continuaria lutando pelos direitos da mulher.”

“Até hoje espero alguma punição. Ele continua por aí”

Lays Santos da Silva – 23 anos I estudante
Era 21 de dezembro de 2012. Entrei no ônibus a caminho de casa e me sentei. Em seguida, entrou o sujeito. Ele ficou parado em pé ao meu lado. Comecei a sentir algo encostando no meu seio direito. Achei que tinha sido sem querer. Senti o movimento novamente. Fiquei sem reação. Quando senti seus dedos em mim pela terceira vez, olhei para ele com uma expressão irritada. Ele foi para o fundo do ônibus. Indignada, fui até ele e disse: “Estava bom passar a mão em mim? Ver uma mulher desacompanhada te encorajou a fazer o que fez?”. Ele me chamou de louca. Minhas pernas e mãos tremiam. Nenhum passageiro me ajudou. Falei para ele descer no mesmo local que eu. Ele concordou. Disse que não tinha medo. Discutimos e não demorou para aparecerem várias viaturas. Os policiais tomaram meu depoimento e o dele. Até hoje espero alguma punição. Ele continua por aí.

Lays comentou a correção da pesquisa:”Mesmo assim ainda tem 25% das pessoas. É um absurdo as pessoas pensarem ainda sim. Assustou porque é um número maior por ser mais de metade. Não muda minha opinião sobre o que falei”.

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