(O Estado de S. Paulo) A escritora Rosiska Darcy de Oliveira assina artigo publicado no Suplemento Feminino do Estadão em que discute as diferenças entre os conceitos de honra feminina e masculina em nossa sociedade a partir dos casos de violência contra as mulheres.
“Um bom exemplo é o conceito de honra. No século passado, quem, solteira, deixava de ser virgem, tinha sido desonrada. Era uma perdida. Perdida ou desonrada era a mesma coisa. Um século mais tarde, há quem fale em piranha, referindo-se a quem faz o que quer do seu corpo. Não há, na gíria, um equivalente masculino. Homens não perdem a honra, o que quer que façam com seus corpos. Não é neles que ela reside. Só sentem a honra atacada quando perdem a mulher para outro homem e, por isso, já houve quem defendesse o assassino de uma mulher em nome da legítima defesa da honra. O corpo das mulheres vira, assim, uma espécie de coisa sem alma, mas com dono.”
“Os números assustadores de casos de violência contra as mulheres sugere que é urgente que elas defendam a sua honra, que não reside em uma suposta pureza, mas no seu estatuto de ser humano, livre e respeitado como todos devem ser. É o princípio de honra feminina que é preciso incutir na nossa cultura e no nosso cotidiano. Que elas não precisam de protetor ou provedor. (…) Que se envergonhe quem achou graça quando um goleiro boçal perguntou quem nunca saiu na mão com uma mulher. Deu no que deu.”
Acesse o artigo na íntegra: A honra das mulheres, por Rosiska Darcy de Oliveira (O Estado de S. Paulo – 01/08/2010)
Leia também: A lei não escrita, por Rosiska Darcy de Oliveira (O Globo – 24/07/2010)