(G1/SPM) A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, que recebe queixas de violência contra a mulher, registrou alta de 112% de janeiro a julho de 2010 em comparação com o mesmo período do ano passado.
Dados divulgados pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República revelam que o serviço disque-denúncia registrou 343.063 atendimentos nos sete primeiros meses deste ano – contra 161.774 nos mesmos meses de 2009.
Ligações por Estado (janeiro a julho de 2010)
Fonte: SPM.
Considerando a quantidade de ligações por estado, São Paulo teve o maior registro, seguido pela Bahia e Rio de Janeiro. Quando considerada a quantidade de atendimentos em relação à população feminina de cada estado, o Distrito Federal é a unidade da federação que mais apelou à Central, com 267 atendimentos para cada 50 mil mulheres. Em segundo lugar aparece o Tocantins com 245/50 mil e em terceiro o Pará com 237/50 mil.
Ligações a cada 50.000 mulheres (por Estado – janeiro a julho de 2010)
Fonte: SPM.
Para o governo, o crescimento da busca pelo serviço Ligue 180 “reflete um maior acesso da população a meios de comunicação, vontade de se manifestar acerca do fenômeno da violência de gênero, ao fortalecimento da rede de atendimento às mulheres e ao empoderamento da população feminina local”.
Dados sobre os atendimentos
A busca de informações sobre a Lei Maria da Penha (Lei nº 13.340/2006, que completa quatro anos de sanção nesta semana) corresponde a 50% do total de informações prestadas pelo serviço.
A maioria dos atendimentos refere-se a crimes de lesão corporal; em seguida, vêm as ameaças. Juntos, os dois tipos de queixas somam 70% dos registros do Ligue 180.
Para a secretaria, o total de registros de ameaças (8.913) mostra que é preciso dar maior atenção a esse tipo de queixa. “A voz de uma mulher que reporta estar sendo ameaçada tem de ter credibilidade. Pois só a vítima é quem tem a real dimensão do risco que corre”, disse em nota a subsecretária de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, Aparecida Gonçalves.
Os relatos de violência totalizaram 62.301 registros, sendo:
– 36.059 de violência física
– 16.071 de violência psicológica
– 7.597 de violência moral
– 826 de violência patrimonial
– 1.280 de violência sexual
– 239 denúncias de cárcere privado
Das mulheres que contataram o serviço, 57% afirmaram que são agredidas física ou psicologicamente todos os dias; em mais da metade dos casos, declararam correr risco de morte.
Perfil de agredidas e agressores
Das mulheres atendidas, 72,1% vivem com o agressor, sendo que 57,9% são casadas ou estão em união estável; 14,7% prestaram queixa contra o ex-namorado ou ex-companheiro.
O perfil de quem agride é parecido com o da agredida:
– a maioria das mulheres que ligou para a Central tem entre 25 e 50 anos (67,3%) e nível fundamental de escolaridade (48,3%)
– a maioria dos agressores tem entre 20 e 45 anos (73,4%) e também tem nível fundamental de escolaridade (55,3%)
Acesse a matéria: Denúncias de violência doméstica contra mulher crescem 112% em 2010 (G1 – 03/08/2010)
Saiba mais:
Disque-ajuda para mulher fez 1 milhão de atendimentos (Folha de S.Paulo – 07/08/2010)
Dados do Ligue 180 por Estado (SPM – 03/08/2010)
Perfil da violência doméstica a partir do balanço semestral da Central de Atendimento à Mulher (SPM – 03/08/2010)
Juízes divergem sobre Lei Maria da Penha e defendem mudança no texto (G1)
Especialistas dizemque falta orientação sobre Lei Maria da Penha (G1)