(Folha de S.Paulo, 25/01/2015) Multinacionais com atuação no Brasil passaram a adotar políticas para elevar a participação de mulheres em cargos de alto escalão, movimento iniciado em suas sedes.
A Coca-Cola percebeu em 2008 um problema: a proporção de mulheres em cargos de chefia estava longe da ideal. No Brasil, enquanto metade da força de trabalho era de mulheres, só 23% dos cargos de diretoria eram ocupados por executivas.
A empresa criou um grupo global para debater o tema, intensificou sua política de flexibilidade de horários e baixou a regra de que entrevistas com candidatos a novas vagas deveriam ter o mesmo número de homens e mulheres.
“É uma estratégia de negócios antes de tudo. No Brasil, as mulheres são maioria na universidade. Não podemos desperdiçar talentos”, diz Claudia Lorenzo, vice-presidente da Coca-Cola no Brasil.
Hoje, quase um terço dos diretores no Brasil é mulher. Não há, contudo, meta a alcançar. “Há funções que têm viés masculino. Não queremos ter mulher por ter”, diz.
Na Unilever, dona de marcas como Dove e Kibon, a ascensão feminina virou parte da estratégia de crescimento. Em 2012, a empresa lançou a meta de dobrar sua receita mundial, de US$ 68 bilhões, até 2020. Para isso, deveria alcançar a equidade até 2015.
“Estudos mostram que as empresas com paridade de gênero têm desempenho financeiro melhor e ações mais valorizadas. Está claro para a Unilever que ter mais mulheres dará vantagem competitiva”, diz Cláudia Cavalcanti, gerente de recursos humanos.
Executivos do alto escalão da empresa passaram a ter parte de seu bônus atrelada ao alcance das metas de mulheres em cargos de chefia. As funcionárias podem trabalhar em casa e contam com berçário no prédio da empresa. Com isso, a proporção de mulheres em cargos de gerência e diretoria passou de 38% em 2007 para 49% em 2014.
A Dow Chemical é outra que se empenha para ter no alto escalão o mesmo percentual dos cargos de entrada, em que 47% são mulheres. “Com o balanço correto, você tem melhores retornos financeiros. Além disso, é a coisa certa a fazer”, diz Susannah Thomas, diretora de recursos humanos da companhia para a América Latina.
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