(G1/Agência Efe, 28/02/2015) ONU Mulheres promove encontro em Santiago, no Chile. Líderes femininas defenderam cotas de mulheres na política.
Conseguir a igualdade de gênero requer vontade política e mais mulheres que participem da tomada de decisões para criar leis, segundo concordaram neste sábado (28), em Santiago, várias mulheres líderes que participam da reunião organizada pela ONU Mulheres.
O primeiro painel de discussão do dia contou com a participação da presidente do Senado chileno, Isabel Allende; a Secretaria-Geral Ibero-Americana, Rebeca Grynspan, e a ex-ministra e ex-deputada espanhola Carme Chacón, entre outras.
O debate ficou centrado nas boas práticas para assegurar a participação plena e igualitária das mulheres na tomada de decisão.
As mulheres realizaram um chamado à política e concordaram ao assinalar que somente a criação de leis e a vontade dos governos e Parlamentos pode conseguir mudanças profundas na igualdade de gênero.
“É preciso recuperar a política com ‘p’ maior”, disse Grynspan, que pediu a “recuperação do compromisso com as leis de cotas e da paridade”.
“Ainda há muita resistência, muitos argumentos contra. Há muitos países que não têm cotas. Sinto que há um desgaste do raciocínio a favor das cotas e parou a onda que começamos (…) É muito importante tê-las para mobilizarmos as mudanças”, disse a Secretária-Geral Ibero-Americana.
Carme Chacón, atual secretária de Relações Internacionais do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), sustentou que as experiências prévias demonstram que só aparecem leis a favor da igualdade de gênero quando há mulheres tomando decisões.
“Só teremos leis de cotas e de paridade se houver mulheres tomando essas decisões”, apontou a política espanhola, que disse que o mesmo acontece para conseguir a igualdade salarial, a conciliação da vida laboral e familiar e para acabar com a violência de gênero.
“É importante dizer que estamos juntas, que somos conscientes que a política muda as coisas e que necessitamos disso, e é uma obrigação nossa abrir mais espaços para novas mulheres que sigam perseverando como nós nestas políticas”, ressaltou.
Isabel Allende, filha do falecido presidente Salvador Allende e presidente do Senado chileno, recalcou que a vontade política dos governos deve estar acompanhada de uma aliança público-privada para que sejam aplicadas as leis de cotas também no mundo privado e sancionados os que não o façam.
“Agora temos que avançar e parte do progresso tem que ser uma mudança mais radical”, sustentou Allende, que citou alguns dos avanços que ocorreram no Chile para a igualdade de gênero, embora ressaltou que as mulheres representam menos de 50% da força de trabalho do país.
Neste sábado termina a reunião de alto nível de dois dias organizada por ONU Mulheres e o governo chileno, na qual participou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e dezenas de mulheres líderes de mais de 60 países.
A reunião terminará com um chamado à ação para aumentar a participação feminina na tomada de decisões e sua presença nos postos de poder.
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