(Géssica Brandino/Agência Patrícia Galvão, 28/10/2015) Com questões sobre Simone de Beauvoir, redação sobre violência contra as mulheres, reflexão da escritora feminista mexicana Glória Anzaldúa, poema sobre racismo e igualdade do líder angolano Agostinho Neto, além de citações a Paulo Freire, Milton Santos e David Harvey, a formulação do Exame Nacional do Ensino Médio de 2015 (ENEM) tem potencial para influenciar os currículos escolares.
![Antropóloga Beatriz Accioly aponta influencia do Enem para inclusão da temática de gênero na educação (Foto: Adri Felden /Argosfoto)](https://sfo2.digitaloceanspaces.com/assets-institucional-ipg/2015/10/Beatriz-accioly_forum-fale-sem-medo_avon-300x300.jpg)
Antropóloga Beatriz Accioly aponta influencia do Enem para inclusão da temática de gênero na educação (Foto: Adri Felden /Argosfoto)
Na avaliação da antropóloga Beatriz Accioly, pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP), ainda que não haja avanços em relação à formulação dos planos de educação com relação à desigualdade de gênero, certamente as escolas que querem ter uma boa colocação no ranking do ENEM estarão mais atentas à temática.
“Foi uma prova muito reflexiva que mostrou que o INEP vai pautar esses temas, pois são questões importantes e isso sinaliza que não devem ser suprimidas do currículo. Diferentemente do Congresso e dos Legislativos, que estão se furtando e impedindo mesmo a inclusão das questões de gênero nos planos nacionais, estaduais e municipais de educação ”.
A especialista também elogiou o tema A Persistência da Violência contra a Mulher na Sociedade Brasileira para a redação, subsidiada com dados do Balanço da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, do Portal Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha, do Conselho Nacional de Justiça e do Departamento Penitenciário Nacional.
“O grande impacto positivo, para além das críticas que foram feitas, é que o INEP colocou sete milhões de jovens para pensar sobre o assunto. Isso não é pouca coisa e deve ser comemorado, porque a reflexão e o debate são democráticos”, analisa.