(O Estado de S. Paulo) Dissidentes iranianas comemoram as declarações de Dilma Rousseff condenando as violações de direitos humanos no Irã e esperam que o discurso se reflita em uma nova posição nas votações de resoluções na ONU.
Em telefonema para a Embaixada do Brasil em Teerã, o governo iraniano já havia protestado contra as críticas da presidenta Dilma Rousseff.
Uma das principais dissidentes, Khadijeh Moghaddam, disse que a nova posição do Brasil, sob o governo Dilma, em relação às mulheres no Irã tem encontrado “importante repercussão” no movimento de oposição formado por mulheres em território iraniano e a reação do governo demonstra seu “desconforto”. “Estamos muito satisfeitas em ver declarações vindas do Brasil de que a brutalidade contra mulheres será pelo menos questionada publicamente”, afirmou a dissidente, que é uma das que comandam campanhas pela libertação de advogadas presas no Irã.
“Por anos, estivemos muito decepcionados com a posição brasileira, pois de uma forma ou de outra, legitimava o governo iraniano e sua brutalidade”, explicou a dissidente que, em 2006, passou duas semanas numa prisão e, segundo ela, sem saber por quê.
“Há milhares de mulheres vivendo em condições medievais no país e precisamos da ajuda de alguém de peso como Dilma para fazer com que esses casos não sejam esquecidos em meio a dossiês nucleares e interesses estratégicos de países. Há ainda milhares de prisioneiros sem nome, desconhecidos, que suplicam para que sejam salvos desse regime. Precisamos que essas declarações agora sejam transformadas em votos contra o Irã na ONU”, afirmou a iraniana.
Na Europa, a Federação Internacional de Direitos Humanos, que serve como um dos centros para a dissidência iraniana no caso dos abusos contra as mulheres, também se diz “otimista” em relação ao posicionamento do governo brasileiro.
Em entrevista ao Estadão, a iraniana Shirin Ebadi, Prêmio Nobel da Paz de 2003 e uma das principais opositoras do regime de Mahmoud Ahmadinejad, virá ao Brasil no mês que vem para tentar convencer o Congresso, líderes de partidos e a presidente Dilma Rousseff a romper com a politica que Luiz Inácio Lula da Silva conduzia em relação ao Irã.
Shirin elogia a nova posição adotada por Dilma Rousseff, pelo menos no que se refere à votação de uma resolução na ONU sobre o apedrejamento de mulheres no Irã. O encontro de Shirin e Dilma ainda não está confirmado, mas, se ocorrer, representará um revés importante para Ahmadinejad.
Acesse na íntegra:
Dissidentes iranianas saúdam fala de Dilma (O Estado de S. Paulo – 13/01/2011)
”Cobrarei ações reais de Dilma sobre Irã” (O Estado de S. Paulo – 13/01/2011)