(Portal G1) O agente de saúde Alexandre Peixe dos Santos, 38 anos, será o primeiro transexual a ser submetido ao processo cirúgico de retirada dos órgãos reprodutores femininos. A operação para retirar útero, trompas e ovários está marcada para o início do mês de abril e será realizada no Hospital Pérola Byington pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
A cirurgia é resultado de uma parceria do Pérola Byington com o ambulatório dedicado exclusivamente à saúde de travestis e transexuais, inaugurado em junho de 2009 pela Secretaria de Estado da Saúde na Zona Sul da capital paulista.
Caractrísticas masculinas
Após a cirurgia, ele poderá iniciar o tratamento com hormônios. Faltará a etapa de retiradas das mamas, que ainda não tem data definida. “Para mim, a mastectomia é que vai ser a libertadora. Eu não vejo a hora de chegar na praia, tirar a camiseta e ir para o mar.”, afirma o agente de saúde. Alexandre conta que já utilizou hormônios sem acompanhamento médico, que acarretou em dois AVCs [acidentes vasculares cerebrais].
A ginecologista e sexóloga Tânia das Graças Mauadie Santana, coordenadora do Centro de Referência e Especialização em Sexologia do Hospital Pérola Byington (Cresex), comenta a importância deste procedimento para os transexuais masculinos. “É importantíssimo, porque a questão dos transexuais é a mudança da identidade. Ele se sente homem e tem que ficar o mais próximo possível disso”.
As contradições na adolescência
Alexandre conta que, desde muito pequeno, seus desejos eram pelo mundo masculino, mas esses desejos eram vividos clandestinamente. Na adolecência a contradição se acetuou, como relata Alexandre. “Na mudança do corpo, as coisas ficam mais complicadas. Os meninos começam a ter outros gostos, a arrumar namorada, e você fica isolado. E, quando você conhece alguém que gosta, é do mesmo sexo, biologicamente falando. Por isso, durante um tempo eu me identificava como lésbica, que era o mais próximo que eu conhecia”.
Preconceito
Alexandre relata sofrer violências por conta de sua opção de identidade de gênero. Comenta que os xingamentos e olhares são ações quase que cotidianas, no entato, ele declara que já foi espancado por 20 homens, além de ter sido vítima de violência sexual, caso que teve coragem de compartilhar com outra pessoa somesnte anos depois do acontecido.
Gravidez
Mesmo tendo a identidade de gênero masculina, Alexandre gerou um bebê, que hoje é uma mulher de 19 anos. Neste período vivia com uma companheira que queria ter filhos, mas como tinha câncer, não podia engravidar. O agente de saúde conta que a filha sofre muito preconceito, diz até que a filha já perdeu namorado e amigos por causa dessa intolerância.
Leia na íntegra: Transexual fará 1ª cirurgia de retirada de órgãos femininos pelo SUS em SP (Portal G1 – 26/03/2011)
