(Agência Brasil, 21/07/2016) Cientistas do Brasil, Colômbia e Argentina, da Organização Mundial da Saúde (OMS), e funcionários dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos estão analisando, em reunião esta semana no Recife, Pernambuco, detalhes da infecção pelo vírus Zika e seus efeitos sobre o feto, informou hoje (21) a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em Washington.
Segundo a Opas, que também enviou especialistas para a capital pernambucana, os cientistas pretendem avançar na definição da síndrome congênita da Zika com base nos dados investigados e recolhidos até o momento.
Após visita feita a centros de saúde no Recife, onde são prestados cuidados a bebês com microcefalia e outras condições associadas com a infecção pelo vírus Zika, os cientistas receberam relatório – elaborado pelo gerente de Incidentes de Zika da Opas, Sylvain Aldighieri – com informações relevantes sobre a situação epidemiológica na região. Os técnicos também estão contribuindo com dados atualizados sobre as experiências obtidas com pesquisas sobre a Zika no Brasil e na Colômbia.
Médicos, especialistas e pesquisadores prosseguem, hoje (21), as discussões sobre as evidências que possam definir, com clareza, os problemas relacionados com a síndrome de infecção congênita do vírus Zika e suas causas.
Síndrome congênita
“As anomalias observadas e a provável relação causal da infecção pelo vírus Zika sugerem a presença de uma nova síndrome congênita. A OMS lançou um processo para definir o espectro da síndrome. O processo é centrado na análise das manifestações clínicas, de neurologia, de audição, de distúrbios visuais e outros, bem como os resultados de neuroimagem “, explica Sylvain Aldighieri.
Com relação às informações sobre complicações da infecção pelo vírus da Zika, os dados disponíveis ainda são limitados. Para avançar no conhecimento sobre o assunto, os cientistas planejam compartilhar e examinar com profundidade as informações sobre diagnóstico, descrição, consequências, processos físicos e análise médicas sobre as provas obtidas até agora.
“Nosso objetivo é ajudar os países a fortalecer a vigilância sobre a síndrome congênita da Zika, e melhorar a preparação para lidar com casos de síndrome de Guillain-Barré em serviços de saúde. A associação espacial e temporal da síndrome Zika e síndrome de Guillain-Barre é evidente em vários países “, disse Aldighieri durante a reunião.
“Tivemos a oportunidade de ir para o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, em Pernambuco, e vimos o incrível trabalho que estão fazendo no acompanhamento e cuidados de cerca de 200 crianças com microcefalia. É importante que tenhamos esse tipo de trabalho em outras partes do Brasil e do mundo para as crianças afetadas com microcefalia “, disse o diretor do Deparamento de Família, Gênero e Custo de Vida da Opas, Andrés de Francisco. Ele lembrou também que a Zika “não é a única causa da microcefalia e que a microcefalia não é o único sinal possível da Zika”. acrescentou.
Depois de quase um ano de trabalho de vários grupos de pesquisa, existe agora um consenso sobre Zika associada não só com microcefalia, mas também com outros aspectos de uma síndrome congênita, disse o representante adjunto da Opas no Brasil, Luis Codina. “A Opas quer agora facilitar este processo de pesquisa e geração de conhecimento “, finalizou
José Romildo – Correspondente da Agência Brasil
Edição: Kleber Sampaio
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