(UOL, 01/08/2016) O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso defendeu a criação de um novo modelo para o ensino superior no Brasil, além da descriminalização do aborto. As ideias foram defendidas durante evento da Fundação Estudar, criada pelo megainvestidor Jorge Paulo Lemann.
Segundo Barroso, a universidade pública no Brasil custa muito caro e não dá um retorno proporcional para a sociedade. Ele defendeu um modelo parecido com o que existe nos Estados Unidos, onde as universidades precisam se autofinanciar, incluindo com doações. “Precisamos de um modelo que seja público nos propósitos e privado no financiamento”.
O ministro disse que não se trata de uma “reforma universitária”, que confrontaria o sistema atual, mas criar um modelo alternativo melhor. “Assim, as mudanças virão pela força da gravidade”.
Já em relação ao aborto, ele afirmou que a criminalização é uma “péssima política de saúde pública”. “O aborto não deve ser estimulado, mas criminalizar é uma escolha absurda que viola a dignidade da mulher. Isso impede que mulheres pobres utilizem o serviço público, por isso elas se auto mutilam. Isso é mais um fator de discriminação da pobreza”. Ele afirmou que nenhum país desenvolvido do mundo, mesmo os mais religiosos, criminalizam o aborto. “Essa é uma política pública atrasada e perversa. Criminalizar uma posição do outro é uma forma autoritária e intolerante de viver a vida”, disse.
Barroso lembrou que já atuou em causas liberais, como a legalização das uniões homossexuais, e participou de debates sobre a descriminalização da maconha. Ele contou que, por isso, é convidado para a Parada Gay e a Marcha da Maconha. “Outro dia estava em um evento e uma pessoa comentou que a próxima causa que nós precisamos defender é a união poliafetiva. Fico com medo do tipo de evento para o qual vou ser convidado”, brincou.
O ministro do STF também ressaltou a necessidade de elevar os investimentos em saneamento público, promover a causa da preservação ambiental, avançar na reforma da Previdência e reduzir a desigualdade.
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