Apenas 30% das vítimas do Seguro DPVAT são mulheres

14 de setembro, 2016

Segundo o Detran, elas representam pouco mais de 14% de todas as vítimas registradas no Estado em 2015

(Diário do Nordeste, 14/09/2016 – acesse no site de origem)

Tem um dito popular que diz “mulher no volante, perigo constante”, responsabilizando o sexo feminino por diversos acidentes de trânsito. Contudo, não é para esse cenário que as estatísticas do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT) apontam: em 2015, apenas 30% dos condutores que foram beneficiados pelo seguro por acidentes com automóveis no Ceará eram mulheres.

Dentre as vítimas de acidentes com motocicletas, elas representaram menos ainda, com 24% do total. O levantamento foi feito pela Seguradora Líder, empresa responsável pela administração do benefício. Nos sinistros pagos a mulheres envolvidas em acidentes de carro no Estado, elas eram passageiras em 53% dos casos. 28% eram pedestres e apenas 17% eram condutoras. Nos acidentes de mulheres com motocicletas, 47% eram garupeiras, 37% pedestres e 15% condutoras.

Dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) também revelam que, no ano passado, 378 mulheres faleceram em decorrência de acidentes nas estradas. Por outra via, 2.199 homens perderam a vida no mesmo período. Com relação às vítimas, 7.981 eram homens e 1.764 eram mulheres. Em ambos os casos, o sexo feminino representa pouco mais de 14% de todas as vítimas registradas no Ceará.

Seguro DPVAT indeniza vítimas de acidentes de trânsito no Brasil e oferece cobertura para três naturezas de danos: morte, invalidez permanente e reembolso de despesas médicas e hospitalares. Dependendo do caso, o prêmio pode chegar a R$13,5 mil. Joacir Gomes é consultor do benefício em Fortaleza e conta que o perfil mais comum de beneficiário do DPVAT é homem que se acidenta com motocicleta.

Já as clientes mulheres, quando se envolveram, foram como garupeiras ou passageiras. “Algumas, vez ou outra, são lesionadas em atropelamento indo ou vindo do trabalho. É muito mais raro um acidente quando a mulher está conduzindo”, lembra.

Prudência

A diretora de Planejamento do Detran, Lorena Moreira, frisa que a diferença entre os sexos na emissão da habilitação, que sempre foi prioritariamente masculina, vem diminuindo. Segundo o órgão, até junho deste ano, o Ceará possuía 581.423 mulheres condutoras – 30% do total de habilitados no Estado e 44% do total de homens, que somam mais de 1,3 milhão. O carro é preferência delas, com 390 mil habilitações emitidas; já as motocicletas ficam em segundo lugar, com 68 mil condutoras.

Proporcionalmente, conforme Lorena, mesmo com menos condutoras, elas se envolvem menos em acidentes. “O Detran atribui a isso o fato de que as mulheres são menos imprudentes e têm cuidado extra no trânsito. Elas pensam duas vezes antes de realizar uma conversão perigosa ou se envolver em brigas de trânsito”, explica. Quanto ao ditado popular mencionado no início, a diretora avalia que é “uma frase de efeito que não se sustenta. A mulher não é um perigo, mas um diferencial. Muitas delas, inclusive, já conduzem táxis e ônibus profissionalmente”.

dsa

Colaborou Nicolas Paulino

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