É histórico: os dirigentes não gostam do futebol feminino em nosso país.
(UOL, 31/10/2016 – acesse no site de origem)
Nenhuma seleção do planeta teve jogadoras como Sissi ou Marta. E ainda assim nossos campeonatos são um verdadeiro faz-de-conta. É só para cumprir tabela. Teve até uma época em que a CBF recebia uma verba da Fifa para desenvolvimento do futebol das meninas e o dinheiro não chegava até elas. Teve campeonato paulista de alguns anos atrás em que a verba também não chegou às jogadoras. Agora, há uma esperança no ar: nesta terça-feira será anunciado o novo campeonato brasileiro da categoria para 2017.
”Parece que teremos finalmente um calendário de longa duração”, confidenciou o dirigente Romeu Carvalho de Castro, um dos incansáveis batalhadores da modalidade. ”A competição terá duas divisões, com 16 equipes cada uma”.
O anúncio será feito na CBF.
E é um alívio para as jogadoras, porque sempre há uma indefinição de como o torneio será disputado.
”Nós fizemos várias sugestões”, comemorou direto dos Estados Unidos, a ex-jogadora Márcia Tafarel, que jogou durante muito tempo na seleção brasileira. Ela faz parte do Comitê de Reformas do futebol brasileiro e além de um calendário, seu grupo de estudos sugeriu a criação do Departamento Feminino dentro da CBF e a criação de competições na categoria de base.
E as sugestões de Márcia têm todo sentido, já que ela trabalha nos Estados Unidos com meninas das categorias sub-9 a sub-19, no Walnutt Creek Soccer Club e no Community Youth Center.
A craque Formiga também faz parte do Comitê de Reformas.
Ela vai encerrar a carreira na seleção brasileira, no torneio que será disputado neste final de ano na Arena construída em Manaus. Aos poucos, as pessoas envolvidas diretamente no esporte estão sendo ouvidas e respeitadas. E ao que tudo indica as equipes participantes receberão um auxílio financeiro, cujo valor ainda não foi revelado.
Apesar das boas notícias, Romeu não acredita que será desta vez que nossas melhores jogadoras, que atuam no exterior, serão repatriadas.
”A diferença salarial ainda é grande. Elas estão bem empregadas fora do país, mas já é um bom começo”.
O dirigente explicou que a seleção das 16 melhores equipes será feita pelo ranking e pelo interesse demonstrado por clubes de camisa.
”Acho que Santos, Flamengo, Corinthians e até mesmo o Vasco da Gama estarão jogando na primeira divisão no próximo ano. Além destes, os clubes tradicionais do futebol feminino, como São José, Foz Cataratas e o São Francisco. Não acredito que a Portuguesa seja do primeiro grupo, mas pode até ser”.
Agora é conferir o anúncio oficial da CBF.
E acreditar que finalmente haverá respeito a essas atletas brasileiras.