A prefeita da pequena cidade americana de Clay, no Estado da Virgínia Ocidental, renunciou ao cargo após ter elogiado uma publicação do Facebook que comparava a primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, a uma “macaca de salto”.
(BBC Brasil, 15/11/2016 – acesse no site de origem)
Tudo começou com a publicação de Pamela Ramsey Taylor, que gerencia o Escritório de Desenvolvimento da região do Condado de Clay, na qual ela fez um comentário sobre a substituição da primeira-dama depois da eleição do republicano Donald Trump.
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“Será revigorante ter uma primeira-dama requintada, bonita, digna na Casa Branca. Estou cansada de ver uma macaca de salto”, escreveu Taylor no Facebook.
A prefeita da cidade de Clay, Beverly Whaling, respondeu ao post.
“Acabei de ganhar o dia, Pam.”
A publicação racista viralizou nas redes sociais e na mídia no mundo inteiro e acabou resultando em uma campanha pela demissão da autora da postagem e pela renúncia da prefeita – o que acabou se concretizando.
Clay tem uma população de 491 pessoas e, de acordo com o Censo de 2010, não há afro-americanos na cidade. Na região do Condado de Clay como um todo, mais de 98% dos habitantes são brancos.
Desculpas
Os jornais The Washington Post e New York Daily News relataram que Taylor foi retirada do cargo já na segunda-feira, mas não há confirmação de que ela foi demitida.
O Escritório de Desenvolvimento da região do Condado de Clay, que Taylor gerenciava, recebe verbas dos governos estadual e federal e presta serviços para moradores idosos e de baixa renda.
Taylor deu uma entrevista ao canal local WSAZ, o primeiro a dar a notícia sobre a publicação no Facebook. Na conversa, admitiu que suas palavras poderiam ser “interpretadas como racistas, mas, de maneira nenhuma, tinham a intenção de ser (racistas)”.
Ela afirmou que estava apenas dando sua opinião pessoal sobre os atrativos de uma pessoa, e não sobre a cor da pele.
Já a prefeita de Clay, Beverly Whaling, entregou uma declaração ao The Washington Post antes de renunciar ao cargo.
“Meu comentário não tinha intenção nenhuma de ser racista”, afirmou ela no texto, que incluía um pedido de desculpas.
“Estava me referindo (ao fato) de ter ganhado meu dia devido à mudança na Casa Branca! Sinto muitíssimo por qualquer ressentimento que isto possa ter causado! Quem me conhece sabe que não sou racista de jeito nenhum!”, escreveu.
Owens Brown, diretor do escritório da Virgínia Ocidental da organização National Association for the Advancement of Colored People – que luta contra o racismo, – disse que “é lamentável que as pessoas ainda tenham esse tom racista”.
“Infelizmente esta é uma realidade com a qual temos de lidar nos Estados Unidos hoje. Não há lugar para este tipo de atitude em nosso Estado.”
A presidente do Partido Democrata em Virgínia Ocidental, Belinda Biafore, divulgou um pedido de desculpas a Michelle Obama “em nome dos meus companheiros alpinistas”, em uma referência ao apelido dos moradores do Estado.
“A Virgínia Ocidental realmente é melhor do que isso. Nós do Partido Democrata da Virgínia Ocidental vamos continuar lutando exatamente contra esses ideais radicais, odiosos e racistas”, escreveu Biafore na declaração.