Primeiro Índice de Violência Machista, elaborado pelo movimento ‘Ni Uma Menos’, analisa 15 situações de abuso contra mulheres
(Opera Mundi, 25/11/2016 – acesse no site de origem)
Um estudo publicado nesta sexta-feira (25/11), Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, mostra que 97% das argentinas já sofreram algum tipo de assédio em espaços públicos ou privados. A pesquisa faz parte da campanha “Ni Una Menos”, que elaborou o Primeiro Índice de Violência Machista na Argentina.
O relatório avalia 15 situações de abuso, como a discriminação por gênero, abuso emocional e violência obstétrica, com base em 59.380 questionários respondidos de forma anônima por mulheres acima de 13 anos.
Das entrevistadas, 92% declararam que já foram estigmatizadas por serem mulheres, enquanto 84% afirmaram terem sido discriminadas pelo gênero.
“À extensão do problema, se agrega a multiplicação e repetência das experiências. As situações de violência com maior incidência se caracterizam, além disso, por terem sido vividas em mais de 5 oportunidades, o que implica que não se trata de casos isolados e ocasionais”, aponta o relatório.
Em relação a seus parceiros, 95% das argentinas revelaram terem vivido uma situação, atitude ou tentativa de isolamento por parte de seu companheiro, ou que foram questionadas por suas atividades e amizades. Além disso, 84% relataram terem sido objeto de situações de controle por parte de seus parceiros.
A desvalorização por parte do parceiro no relacionamento também foi um dos índices mais altos, com 93% de casos registrados entre as entrevistadas. Ameaças e intimidações por parte do companheiro tiveram um índice de 76%, enquanto a violência física nesse mesmo contexto, incluindo estupro, obteve 67% de respostas positivas.
Por outro lado, o índice mais baixo, de 47%, corresponde a mulheres que relataram terem sido vítimas de abuso devido a motivos econômicos, como, por exemplo, serem impedidas de utilizar seu próprio dinheiro.
O movimento “Ni Una Menos”, lançado em junho de 2015, mobilizou cerca de 300.000 pessoas em sua primeira manifestação contra a violência machista em Buenos Aires. “Na Argentina, durante outubro de 2016, foram 21 feminicídios em 23 dias. E 170 entre janeiro e outubro. Esses números só confirmam a urgência e a enorme dimensão que representa o problema da violência machista na sociedade. Esta pesquisa também confirma isso”, afirmou o relatório.