“Meninas negras precisam de menos proteção, acolhimento, são mais independentes e sabem mais sobre sexo do que as meninas brancas”. Dados de uma pesquisa americana mostram que adultos veem meninas negras como menos inocentes e com mais características de adultos do que meninas brancas da mesma idade. O estudo foi realizado pelo The Georgetown Law Center on Poverty and Inequality, que estuda questões de pobreza e desigualdade e que somou ao estudo, questões como o estereótipo que cercam garotas e mulheres negras para analisar os resultados.
(Mundo Negro, 30/06/2017 – acesse no site de origem)
Foram entrevistados 325 adultos de várias etnias, escolaridade, residentes em várias regiões americanas, sendo 74% dos entrevistados pessoas brancas, 62% mulheres e 30% entre 25 e 34 anos de idade.
“Os resultados sugerem que garotas negras são vistas mais como adultas brancas praticamente em todos os estágios da infância, dos 5 anos, sendo acentuado entre 10 e 14 anos” diz Rebecca Epstein uma das autoras do estudo.
“Em essência, adultos parecem ter diferentes visões e expectativas em relação as meninas negras, especialmente na metade da infância e começo da adolescência, épocas muito críticas em termos de identidade para essas garotas”, comenta Epstein.
“Temos garotinhas em idade pré-escolar que são vistas como crianças que precisam de menos proteção e carinho do que as brancas. Nessa idade, eu acho desolador”, completa Rebecca.
Esse estudo coincide com outro dois. Um que mostra que garotas negras, sofrem mais punições e expulsões na escola do que as brancas e outro que aponta que meninos negros com 10 anos, tendem a serem vistos como mais maduros quando julgados pela justiça, o que resultam em uma maior taxa de prisão quando eles são suspeitos de estarem envolvidos em algum crime. Um dos responsáveis por esses dados aterrorizantes são os estereótipos.
Aqui no Brasil sabemos que mulheres negras são as maiores vítimas de violência sexual e isso está diretamente ligado à hipersexualização dos seus corpos. Meninas negras são a maior parte das adolescentes grávidas no Brasil. Precisamos ter um olhar de proteção sobre essas jovens, orientá-las e acolhe-las, já que a sua infância pode ser roubada a qualquer momento por um adulto que a veja como mulher e não criança ou adolescente inocente e vulnerável.
Silvia Nascimento