(Folha de S.Paulo) Editorial de moda com menina de 10 anos em poses adultas reacende polêmica sobre a relação entre moda e crianças.
“Deitada de bruços sobre uma pele de tigre, cheia de joias pesadas, a modelo Thylane Blondeau, 10, posou para uma editorial-fetiche da Vogue francesa. A revista saiu no início deste ano e foi apontada como o motivo de a renomada editora Carine Roitfeld ter anunciado sua saída da publicação repentinamente. O caso, porém, ganhou novo fôlego nas últimas semanas, quando uma ONG resolveu convocar uma reunião com a indústria da moda para discutir a erotização e a transformação de crianças em simulacros de adultos na publicidade fashion. O evento da ONG cristã internacional Mother’s Union ocorrerá em outubro, com o apoio do primeiro-ministro inglês, David Cameron. O caso vem à tona num momento em que grandes grifes de luxo trocaram suas musas adultas por meninas.”
“Essas imagens podem causar uma ideia deturpada, não só para outras crianças mas também para as mulheres adultas, que idealizam o corpo e o rosto infantis como sendo um objetivo a ser alcançado”, afirma Márcia Marques , diretora de casting da agência paulista Nini, que representa modelos mirins.
No mundo inteiro, a nova e muito lucrativa febre das grifes de luxo é investir em versões em miniatura das linhas criadas para adultos, incluindo bolsas e sapatos. “Uma criança vê nessas imagens outras crianças que, por algum motivo incompreensível, pularam etapas e já gozam dos ‘privilégios’ da vida adulta, dos quais ela ainda está privada”, analisa a psicanalista Marion Minerbo. Segundo Marion, isso pode vir a impedir criança de elaborar emocionalmente a diferença entre as gerações.
“A diferença entre trabalhos de arte, como as fotos de crianças nuas feitas por Robert Mapplethorpe, e campanhas é que a imagem de publicidade é produzida para gerar consumo e usa artifícios questionáveis”, analisa Jofre Silva, PhD em fotografia e coordenador do mestrado de design da Universidade Anhembi Morumbi.
Veja a notícia completa: Bonequinha de luxo (Folha de S.Paulo – 12/08/2011)
