Projeto foi lançado pelo Tribunal da Justiça após seguidos casos de homens assediando mulheres em ônibus.
(G1, 09/10/2017 – acesse no site de origem)
Dezesseis homens acusados de praticar abuso sexual no transporte público de São Paulo participaram neste domingo (8) de um programa de reeducação sobre o comportamento em ônibus e trens. Os participantes com idades entre 20 e 60 anos foram chamados a refletir dentro de um projeto do Tribunal de Justiça de São Paulo anunciado em agosto, após seguidos casos de homens ejaculando em mulheres em ônibus de São Paulo.
O sociólogo e coordenador do curso, Sérgio Barbosa, afirma que uma das ideias do curso é humanizar a mulher. “É claro que nenhuma mulher deseja ser molestada em ônibus ou trem. Se ela está usando um decote, se ela está usando uma roupa, é porque ela gosta, isso não autoriza o encoxamento, ou alguém chegar e tirar proveito dessa situação. Isso é um desrespeito contra a dignidade humana. É um desrespeito a mulher”, afirmou.
A juíza Tatiane Moreira Lima, que já foi vítima de violência, idealizou o projeto. No ano passado, um homem acusado de bater na mulher entrou no Fórum do Butantã e ameaçou colocar fogo no corpo dela. Ele acabou preso.
“É muito importante que nós mulheres tenhamos coragem de denunciar e que as testemunhas em volta se mobilizem e ajudem essa mulher. E, mais do que isso, é importante que esse homem que fez isso repense as suas atitudes para que não volte a fazer”, diz. Nesse sentido, segundo ela, o programa de reeducação acaba sendo mais válido do que o pagamento de multa.
Todo mês chegam ao Tribunal de Justiça cerca de 50 denúncias de abuso no transporte público. Até 28 de setembro, tinham sido 391 ocorrências. Em muitos casos, o agressor já havia respondido a um processo pelo mesmo motivo. O que esse projeto agora quer é conscientizar esses homens pra que eles mudem de atitude.
Um dos participantes afirmou, pedindo para não ser identificado, que o curso leva à conscientização. “Que a gente está lidando com um ser humano e não com objeto que você compra, usa, faz dele o que quer e não quer”, afirma.