Iniciativa denominada #AconteceuNoCarnaval busca ajudar vítimas desse tipo de situação durante as prévias e os dias de Momo.
(G1, 19/01/2018 – acesse no site de origem)
A revolta e o descontentamento com as experiências de assédio no carnaval motivaram três organizações da sociedade civil a criar uma ferramenta independente para ouvir e acolher vítimas desse tipo de crime no Recife e em Olinda. A iniciativa #AconteceuNoCarnaval existe desde 2017, mas, em 2018, a ferramenta ganhou um WhatsApp para receber relatos de foliões que presenciaram ou sentiram na pele a violência de gênero, por meio do número (81) 99140-5869.
De acordo com a advogada Madalena Rodrigues, mobilizadora da Rede Meu Recife, uma das organizações criadoras da iniciativa, a campanha surgiu diante da experiência das participantes em outros carnavais.
“Esse é um problema que o poder público ainda não olha da maneira que deveria porque, muitas vezes, as próprias mulheres deixam de denunciar, então os casos não entram nas estatísticas. Queremos mudar isso para cobrar as ações do governo e da prefeitura”, explica.
A adoção do aplicativo de mensagens teve o objetivo de potencializar o alcance da campanha. “Virou o nosso principal canal, porque todo mundo está com o celular para se encontrar com os amigos, para ir às festas e voltar para casa, então a nossa ideia foi criar um canal para denunciar que está na palma da mão”, afirma Madalena. Mete a Colher e Women Friendly, organizações da sociedade civil que buscam proteger e valorizar o público feminino, também assinam a iniciativa.
Além das denúncias feitas por celular, a #AconteceuNoCarnaval também tem o objetivo de “marcar” casas no Sítio Histórico de Olinda em que haja foliões dispostos a ajudar vítimas de assédio, seja nas prévias carnavalescas ou nos dias de Momo propriamente ditos.
“A gente não tem uma casa de apoio, mas temos casas apoiadoras da campanha, onde o respeito às mulheres é uma bandeira levantada”, comenta a advogada. Os espaços serão sinalizados com frases como “Nesta casa, se respeitam as minas”.
A distribuição de pulseiras que identificam mulheres dispostas a ajudar em casos de assédio também é uma das ações previstas pela campanha. Denominados “fitinhas da sororidade”, os adereços contêm o número de telefone para denúncias sobre assédio.
“São fitas como aquelas do Senhor do Bonfim, para que as mulheres possam encontrar as que estão disponíveis para ajudar em caso de uma emergência”, explica.
Denúncias formalizadas
Segundo Madalena, os foliões que procurarem a iniciativa vão receber uma lista com os endereços e telefones das delegacias próximas da localidade em que ocorreu o assédio. “Vamos te informar sobre as ações que vão acontecer nos dias de folia, onde procurar ajuda e te dizer onde vais poder pegar a nossa fitinha da sororidade”, diz o texto encaminhado a quem procura ajuda através do celular.
Marina Meireles