Em Bruxelas para o fórum Dias Europeus de Desenvolvimento, a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, alertou nesta semana (5) para o que descreveu como uma “pandemia global” de violência contra as mulheres e meninas. Dirigente cobrou que países ponham um fim aos abusos motivados por questões de gênero — quando uma mulher é agredida simplesmente por ser mulher.
(ONU Brasil, 08/06/2018 – acesse no site de origem)
“Ataques e discriminação estão profundamente encravados em normas, atitudes e práticas sociais”, afirmou a representante das Nações Unidas. “Transformar essas mentalidades exigirá investimentos significativos de tempo, recursos e vontade política.”
Atualmente, segundo a ONU, uma em cada três mulheres é ou será vítima de violência de gênero no mundo. Em média, por ano, 17 milhões de meninas se casam quando ainda são menores de idade. Quase metade das mulheres assassinadas são mortas por um parceiro ou ex-parceiro.
Amina também chamou atenção para a marginalização econômica das mulheres — em média, a diferença salarial entre elas e os homens é de 23%. Segundo a dirigente, o Banco Mundial estima que a participação igualitária na força de trabalho liberaria 160 trilhões de dólares para a economia — o equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta. Recursos, disse a vice-chefe da ONU, “poderiam se reinvestidos no desenvolvimento sustentável”.
Na visão da representante das Nações Unidas, a emancipação e a garantia dos direitos das mulheres é fundamental para que a comunidade internacional alcance os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Sem igualdade e empoderamento, vamos simplesmente perpetuar o paradigma de hoje: tentar enfrentar todos os desafios do mundo com apenas metade dos recursos do mundo”, disse.
Iniciativa visa combater feminicídio
Amina disse ainda que a iniciativa Spotlight, lançada no ano passado por uma parceria entre a ONU e a União Europeia, poderá transformar a violência de gênero em “algo do passado”. “A Spotlight se concentrará na forma mais extrema de violência, o feminicídio”, explicou a dirigente.
Segundo a vice-secretária-geral das Nações Unidas, frequentemente, na sequência desses homicídios, “descobrimos que as mulheres de fato denunciaram à polícia ou buscaram cuidado médico, mas os provedores de serviços não tinham informação adequada ou os meios para identificar o risco”.
Amina lembrou que, entre os ODS, existe um objetivo específico — o de número 5 — sobre igualdade de gênero. Suas metas incluem o fim de todas as formas de violência contra as mulheres. “Temos um longo caminho a percorrer. Mas temos um plano e temos a determinação.”