Mulheres são as principais vítimas de injúrias raciais no DF, aponta levantamento

01 de abril, 2019

Entre 2014 e 2019, foram 1.146 denúncias com vítimas do sexo feminino. Autores são geralmente homens com idade entre 31 e 40 anos.

(G1, 01/04/2019 – acesse no site de origem)

Jovens entre 18 e 30 anos, do sexo feminino, foram as principais vítimas de injúrias raciais, no Distrito Federal, entre janeiro 2014 e fevereiro de 2019. No período, foram registradas 2.095 ocorrências policiais pelo crime. É o que aponta um levantamento feito pela Polícia Civil e obtido pelo G1.

De acordo com os dados, as mulheres são responsáveis por 56% das denúncias, ou 1.146 registros. Desde 2014, foram registradas quase 700 ocorrências (33,2% do total) contra pessoas com idade entre 18 e 30 anos. As mulheres foram vítimas 425 vezes. Ou seja, em 61% das vezes.

Elas só não são receberam mais injúrias raciais que os homens quando as vítimas entre 0 e 11 anos (3,3% do total de denúncias) e entre 41 e 50 anos (8,4% do total de denúncias). No primeiro caso, foram registradas quase 40 denúncias onde a vítima era do sexo masculino, contra 27 do sexo feminino. Na segunda faixa etária, a diferença é pequena, foram 176 registros de vítimas do sexo masculino, contra 172 do sexo feminino.

Além disso, em apenas 2% de todas as ocorrências registradas, ou em 42 casos, a vítima se autodeclarou de cor branca.

O que é injúria racial

A injúria racial é um crime caracterizado pela ofensa a dignidade de uma pessoa com base em elementos relacionados a raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência.

Um exemplo de injúria é associar termos depreciativos à raça ou cor com objetivo de ofender a honra da vítima. Como, por exemplo, chamar uma pessoa de “macaca”.

A injúria se tornou crime penal em 2003 e tem pena prevista de reclusão de um a três anos e multa.

Os autores

Já o perfil dos autores é diferente do perfil das vítimas. Os homens são os que mais cometem o crime de injúria, em 50,6%. As faixas etárias também são diferentes, em quase 20% dos casos os autores tem entre 31 e 40 anos. Desses, 52% são homens.

Entretanto, a situação muda quanto mais velho é o autor. Acima dos 40 anos, em 54,33% das vezes os autores são do sexo feminino. Ainda foram registradas queixas contra autores que tinham entre 12 e 17 anos. Na maioria das vezes, eles eram do sexo masculino.

Aumento nos casos

De acordo com os registros da Polícia Civil, as ocorrências só têm aumentado entre 2014 e 2018. Saíram de 310 registros para 462, um aumento de 49%. Com exceção de 2017, em todos os demais anos o número de ocorrências aumentou com relação ao ano anterior. No ano passado, o houve aumento de 6,9% nos registros de injúria em comparação a 2017.

Nos dois primeiros meses de 2019 já foram registradas 80 ocorrências de injúria racial, pouco mais de um registro por dia. E a média mensal já está acima dos demais anos. Em 2014 foram em média 26 casos por mês, em 2016 foram 36, em 2018, 38 e agora 40.

Regiões administrativas

Ao todo, seis regiões tiveram 100 ou mais registros de injúria racial nos últimos 5 anos. Juntas, as seis regiões somam 1.201 casos de injúria racial e representam 57,3% de todas as ocorrências no Distrito Federal.

  1. Plano Piloto – 335 casos, 16% do total
  2. Ceilândia – 298 casos, 14,2%
  3. Taguatinga – 219 ocorrências
  4. Samambaia – 128 casos
  5. Planaltina – 121 casos
  6. Gama – 100 casos

No final da lista, 16 regiões administrativas tiveram menos de 50 ocorrências registradas entre 2014 e 2019. São:

  • Vicente Pires – 45 casos
  • Itapoã – 36 casos
  • Estrutural – 33 casos
  • Brazlândia – 32 casos
  • SIA – 25 casos
  • Lago Sul e Núcleo Bandeirante – 24 casos
  • Lago Norte e Sudoeste – 21 casos
  • Riacho Fundo – 19 casos
  • Riacho Fundo II – 15 casos
  • Candangolândia – 14 casos
  • Cruzeiro – 12 casos
  • Jardim Botânico – 10 casos
  • Varjão – 8 casos
  • Fercal – 7 casos

Racismo

A Polícia Civil também divulgou dados sobre racismo no DF. No mesmo período foram 35 casos. Em 2018 o DF registrou 5 e entre janeiro e fevereiro de 2019 já foi registrado mais um caso. Entre as principais vítimas estão as mulheres e a faixa etária com mais registros é a entre 18 e 30 anos, assim como nos casos de injúria.

Assim como os casos de injúria, o Plano Piloto lidera entre as regiões com mais registro de racismo, foram 13 no período. Em seguida vem Ceilândia, com 6.

Vinícius Cassela

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas