Presidente recém-eleito pondera que legalização não depende apenas dele, mas se intitula “ativista” da causa
(O Globo, 18/11/2019 – acesse no site de origem)
BUENOS AIRES — O presidente recém-eleito Alberto Fernández afirmou que tentará fazer “sair o mais rápido possível” a descriminalização do aborto na Argentina. Ele anunciou que “haverá um projeto de lei enviado pelo presidente” assim que ele assumir o governo do país. A posse do novo presidente será no dia 10 de dezembro.
— Não depende apenas de mim, mas sou um ativista para acabar com a criminalização do aborto — disse ele.
Fernández disse em uma entrevista que gostaria que o debate sobre o aborto “não fosse uma disputa entre progressistas e conservadores, entre revolucionários e retrógrados”. O presidente eleito destacou que este é um problema de saúde pública, que deve ser resolvido com este aspecto.
Na quinta-feira, Fernández foi à Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires e participou da apresentação do livro “ Somos Belén ”, obra da escritora Ana Elena Correa, que conta a história de uma jovem de Tucuman que passou três anos presa por ter sofrido um aborto espontâneo .
— Não podemos continuar condenando as mulheres como aconteceu com Belém, que nem sabia sobre sua gravidez. Como podemos viver nessa sociedade? Como podemos ver isso e não reagir? — questionou Fernández.
O presidente eleito afirmou que é preciso respeitar o direito que a mulher tem sobre o seu corpo, assim como sua crença caso ela acredite que é errado abortar.
— Quando alguém descriminaliza e legaliza o aborto, isso não o torna obrigatório. Portanto, se a pessoa continua a ter a convicção de que Deus não permite, ela que não faça isso. E nós a respeitamos — falou.