Socióloga e professora da USP que coordena núcleo de pesquisas sobre raça no Cebrap afirma que o caso de João Alberto mostra que a visibilidade sobre desigualdade e violência contra negros se ampliou. “O Brasil tem um George Floyd por dia”
A socióloga Márcia Lima (Barra do Piraí-RJ, 1971) coordena há um ano um núcleo de pesquisa sobre a questão racial em um dos mais prestigiosos centros de estudos sociais e políticos do Brasil, o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Seu grupo, o Afro (Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial), foi criado em novembro de 2019 com a proposta não somente desenvolver e dar visibilidade para pesquisas sobre desigualdade racial, mas também abrir um caminho para que intelectuais negros ocupem mais espaços de excelência.
A socióloga conversou com o EL PAÍS na última terça-feira, 17, antes de virem ao noticiário cenas da brutalidade que, na véspera do Dia da Consciência Negra, levou à morte de João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos, por dois seguranças brancos de um supermercado da rede Carrefour em Porto Alegre. A pedido do jornal ela respondeu a mais três perguntas sobre o caso por e-mail —são elas que abrem esta entrevista.